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Mistborn: Nascidos da Bruma - O Poço da Ascensão

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Aviso! Contém spoilers relacionado ao primeiro livro (O Império Final).

O segundo livro da trilogia Mistborn toma lugar após os eventos do fim do primeiro livro (O Império Final) e mesmo com tantas expectativas geradas pelo seu antecessor, O Poço da Ascensão nos proporciona uma agradável leitura. Bom, depois de uma história, que você pensou que levariam três livros para terminar, acabar logo no primeiro, fica a pergunta: e agora que eles venceram?
Mas... venceram mesmo?

Com a morte do Senhor Soberano pelas mãos de Vin, Luthadel se torna uma cidade livre comandada agora pelo nobre Elend Venture (com a assistência do grupo de Kelsier). Eles vão descobrir que tão difícil quanto conquistar uma cidade é conseguir mantê-la. O jovem Venture, com seu sonho de uma sociedade mais igualitária, cria uma Assembleia com representantes de todas as classes sociais, dando o direito de voto para todos. Mas aos poucos (e com a ajuda de algumas pessoas) Elend vai percebendo que a realidade é bem diferente da de seus livros.

“— Você tem boas ideias, Elend Venture — Tindwyl comentou. — Ideias régias. Contudo, você não é um rei. Um homem pode liderar apenas quando os outros o aceitam como líder, e terá quanta autoridade seus subordinados lhe derem. Todas as ideias brilhantes do mundo não poderão salvar seu reino se ninguém quiser ouvi-las.”

A situação piora quando exércitos inimigos começam a ameaçar Luthadel (basicamente movidos pelo desejo de obter o atium), e dentre eles estão Straff Venture (pai de Elend), Cett (um estrategista), e Jastes Lekal (antigo colega de Elend) com seu exército de koloss.

“E essas figuras eram de um azul profundo. Variavam muito de tamanho: algumas tinham apenas um metro e meio, outras eram imensas e pesadas com três metros ou mais [...]. As criaturas – apesar de semelhantes aos homens em sua forma básica – nunca paravam de crescer. Simplesmente continuavam a ficar maiores ao passo que envelheciam, crescendo até seu coração não mais aguentar. Então morriam, assassinadas pelo próprio destino de crescer infinitamente.”


Ainda, rumores sobre as brumas aparecendo durante o dia e matando as pessoas fazem Vin se questionar sobre as últimas palavras do Senhor Soberano que agora começam a fazer sentido. Além disso, por diversas vezes vemos suas preocupações com relação basicamente a tudo: seu lugar no mundo, Elend, a pressão por ser uma Mistborn, Elend, encontrar uma solução para os problemas que surgiram após a morte do Senhor Soberano, e... Elend (o que chega a ser um pouco frustrante).
Mas quando ela decide ir para a luta, meu amigo, se prepare para uma excelente cena de ação. Brandon Sanderson parece querer nos mostrar que não existem limites para a Alomancia (e para Vin).

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“Havia tantas coisas que exigiam sua atenção, e ela tentara prestar atenção a todas elas. Como resultado, não havia conseguido nada.”

Algo que foi bem perceptível neste livro foi a atenção que o autor teve em desenvolver seus personagens. Elend talvez seja o mais notável, é interessante ver como ele evolui ao longo do livro (tanto como rei quanto como Elend Venture). A primeira vez que entramos no capítulo de Zaneé simplesmente incrível. E a relação entre Vin e OreSeur (um kandra) é muito legal de acompanhar.
Um último ponto que quero ressaltar: Kelsier. Ou melhor, a influência que ele possui – mesmo morto – entre os personagens e o povo em geral. O impacto que o Sobrevivente de Hathsin gerou foi o suficiente para que uma religião fosse fundada em seu nome (a Igreja do Sobrevivente). E muitas vezes, os personagens parecem se apoiar nele. É como se o autor nos dissesse que não somos os únicos com saudades do Kelsier.
No geral, é um ótimo livro. As cenas de luta continuam sendo muito bem feitas e criativas, os personagens são mais bem trabalhados e a trama... Sem palavras! Portanto tenha a certeza de que se você amou o primeiro livro, este você irá adorar.
E lembrem-se: sempre há outro segredo!

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Este post foi escrito por Fabio Otsuka.


Taverna: Um Conto No Silêncio

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Isabelle parou no meio da sala e deu uma boa olhada ao seu redor. Não cansava de contemplar seu novo apartamento: bem localizado, conservado e com um ótimo aluguel para os padrões universitários. Respirou fundo e percebeu o silêncio que pairava sobre si, bem diferente da noite anterior com a festinha de inauguração; lembrou-se também de que não gostava da quietude, sempre sentia uma perturbação interior, algo inexplicável que a deixava mal. Pegou-se pensando em suas amigas republicanas que voltaram para suas famílias naquele fim de semana. A solidão a incomodava, sentia-se impotente e indefesa. Naquele momento, Isabelle disse a si mesma que havia ficado na cidade para ler os textos e dar uma adiantada no TCC e não para sentir-se uma criança medrosa, afinal já tinha seus 23 anos e não deixaria que tolices atrapalhassem seus planos.

O cansaço tomou conta de seu corpo. Isso era bom, dormiria rápido. Foi até o banheiro, tomou um banho, escovou os dentes e colocou seu pijama. Antes de ir para o quarto deu uma última verificada na tranca da porta, viu que estava tudo certo e foi dormir. Assim que deitou sua mente focalizou no silêncio e solidão, seu coração acelerou e sentiu transpirar as palmas de suas mãos. Lembrou-se do Marco e da ótima noite que passaram juntos, poderia ligar para o rapaz e convidá-lo a passar aquela noite com ela, espantaria seus medos e conseguiria diversão. Pegou o celular, mas não ligou, precisava superar aquilo sozinha, provar para si mesma que havia crescido. Resolveu pensar em seus momentos com Marco, recordou a conversa da noite anterior, quando estavam todos na sala bebendo, Marco contou-lhes sobre a cidade de São Ciprião, era um Umbral, um lugar onde as pessoas que não souberam aproveitar sua passagem na terra ficavam presas, espíritos em constante dor e sofrimento. Isabelle sentiu um frio repentino e um arrepio em seu corpo, encolheu-se em sua cama e disse a si mesma que aquilo era apenas uma história sem fundamentos. Mas seus sentidos lhe diziam o contrário, as sombras da noite pareciam ganhar forma, sentia que tinha alguém olhando, escutava alguns barulhos sem saber o que eram ou de onde vinham.

Resolveu acender a luz do corredor e abrir a porta do quarto, um pouco de luminosidade ajudaria a espantar os temores noturnos. Já que estava de pé resolveu ir até o banheiro lavar o rosto. Ligou a torneira, fechou a mão em concha e a encheu de água, abaixou e jogou o líquido no rosto, levantou a cabeça e abriu os olhos, viu sua imagem no espelho e atrás de si, um vulto. Virou abruptamente e não viu nada, outra olhada no espelho e apenas seu reflexo se enquadrava dentro dele. Isabelle concluiu que ainda não estava pronta para enfrentar seus medos de infância, correu para o quarto pegou seu celular decidida a ligar para o Marco, enquanto escutava os tons da chamada seus olhos encheram-se de lágrimas. Alguém do outro lado da linha atendeu a ligação, chamou por Marco, mas não obteve resposta, primeiro escutou um chiado forte, depois algo que parecia gritos ao fundo, uma voz estranha em um idioma desconhecido, então se fez o silêncio. Isabelle ficou congelada, não conseguia falar e nem desligar o celular, do outro lado uma voz sussurrada disse “estamos indo, venha para nós”.

Pânico, desespero e agonia, barulhos ao longo do apartamento, coisas caindo, a lâmpada do corredor estourando extinguindo a única fonte de luz, passos. Isabelle reuniu suas forças e saiu correndo pelo corredor, pisou descalça em um caco de vidro, cortando profundamente seu calcanhar, arrastou-se, ficou de pé, passou pela sala e viu alguns objetos jogados ao chão. Gritou por ajuda, todos os apartamentos estavam alugados, alguém teria que vir em seu socorro. Passou pela sala e entrou no corredor que a levaria até a saída, chegou até a porta, a chave não estava na fechadura, provavelmente estaria na sua escrivaninha, no seu quarto. Isabelle gritou desesperadamente dessa vez, batia na porta, mas um vento gelado e uma sensação ruim a fez parar, olhou para trás e no final do corredor onde iniciava a sala viu uma figura parada, uma mulher de meia idade, usando um vestido preto sujo, pele suja, ela não tinha olhos, eram dois buracos horripilantes. A mulher apenas disse “Venha comigo”.

Isabelle fechou os olhos e respirou fundo, disse a si mesma que aquilo era um sonho. Sentiu que estava sonhando, na manhã seguinte daria risada, contaria para suas amigas sobre o pesadelo e se divertiria com a cara de assustada delas. Ainda de olhos fechados deu um passo adiante, sentiu uma dor aguda no calcanhar, lembrou-se do corte, da porta fechada, da mulher, lembrou que era real.

Abriu os olhos e a mulher não estava mais no final do corredor, sua perna tremeu e o sangue embaixo de seus pés a fez escorregar, ficou deitada sentindo o chão frio e pela primeira vez em 10 anos, rezou. Reuniu as forças que lhe restavam e levantou, apoiou-se na parede para não cair outra vez e com passos incertos foi em direção à sala. Os únicos sons vinham de seu peito e de sua respiração, podia sentir um cheiro diferente no ar, não sabia se vinha da mulher ou se era fruto de seu próprio medo. Pensou em gritar, mas calou-se e continuou em frente. Pensou em retornar para a porta e bater nela até quebra-la, mas controlou-se e seguiu em frente. Pensou em parar e começar a chorar, mas não parou e seguiu em frente. Seguiu em frente até chegar à sala.

A mulher estava parada ao lado da janela, “venha comigo”, ela disse. O medo tomou conta do corpo de Isabelle, que caiu tremendo no chão, fixou seu olhar na direção da janela viu que a mulher se movia em sua direção. Ela flutuava a poucos centímetros do chão, lenta e desordenada. “Venha comigo”. Isabelle, sabia que devia gritar, mas a voz não saia. A mulher se aproximava: “Venha comigo”. A última esperança de Isabelle seria um grito capaz de acordar um milagre. “Venha comigo”. A voz estava quase saindo. “Venha comigo”. O grito veio alto, forte, desesperador e capaz de ser ouvido no prédio inteiro.

— SOCORROOOOOOOOOOOOOO. 

Os próximos segundos foram de silêncio. Isabelle foi tomada por uma súbita esperança, com seus ouvidos buscou algum som milagroso fora do seu apartamento, uma batida na sua porta, especulação dos vizinhos curiosos, sirenes. Levantou-se, a mulher estava parada em sua frente, o frio da noite adormecia suas dores e o desespero dava lugar à calma. Isabelle olhou fixamente para os buracos oculares da mulher, lembrou-se da morte do pai e um sentimento de tristeza lhe tomou conta, lembrou-se das reprovações em concursos e vagas de estágio e uma sensação de fracasso lhe tomou conta, lembrou-se das desilusões amorosas e um vazio lhe tomou conta, lembrou-se que sua vida não fazia mais sentido.

Venha comigo”, a mulher sussurrava em seu ouvido. Isabelle, ergueu a cabeça e vislumbrou seu milagre, viu o caminho para sair daquele pesadelo. Sua decisão fez com que sua dor física desaparecesse, fechou os punhos e correu, no momento certo pulou contra seu alvo conseguindo a força necessária para quebrar o vidro. Primeiro sentiu sua pele sendo cortada e o gosto de sangue em sua boca. Depois veio uma brisa de alivio e uma sensação de flutuar entre as nuvens. Por último veio a dormência e a escuridão ao cair nos braços da velha senhora.

Ao amanhecer o corpo de Isabelle estava quase irreconhecível na calçada, a polícia tentava descobrir o que acontecera durante a madrugada. Os vizinhos não escutaram barulho algum durante a noite e o apartamento não apresentava sinais de invasão. Pelo lado de dentro, a polícia encontrou uma lâmpada quebrada, a janela pela qual Isabelle pulou estilhaçada e arranhões na porta de saída com algumas marcas de sangue em volta. Caso fácil, concluíram os detetives. “Suicídio”, eles escreveram em seus cadernos de anotações.



Este conto foi escrito pelo nosso colaborador, Alex Almeida da Silva.

#DarkCrushes: os meus livros favoritos da DarkSide Books

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Hoje o post é triplamente especial. Um porque marca o retorno após um período bem turbulento que passei; dois porque celebra a parceria que eu tenho com essa editora lindona; três porque no final, tem sorteio. De qualquer um dos livros mencionados como favorito. Só para você   Então vamos logo ao que interessa, que é falar sobre os melhores livros da DarkSide Books na minha opinião, ou seja, aqueles que recomendarei sempre a todos!


Ciclo das Trevas. O que falar dessa série? Oficialmente meu #DarkCrush da vida. Apenas com o primeiro livro conseguiu entrar na minha lista de favoritos, competindo em pé de igualdade com A Crônica do Matador do Rei e As Crônicas de Gelo e Fogo. Foram vários os motivos que facilitaram essa colocação: a escrita de Peter V. Brett, que com certeza não é perfeita, mas encaixou direitinho com minhas preferências literárias. Os personagens cativantes e humanizados, que embora possam ser vistos como heróis da trama, estão bem distantes do conceito literal e gracioso de Bondade Suprema: eles têm defeitos, são egoístas, duvidam de tudo – especialmente de si mesmos. O próprio worldbuilding me cativou, além de outros aspectos como os terraítas, as proteções, as subtramas que se interconectam numa trama maior, fazendo com que os protagonistas trilhem caminhos totalmente diferentes, mas que acabam no mesmo destino duvidoso e repleto de perigos. Os protagonistas Arlen Bales, Rojer Faltadedo, Leesha Papiro são especiais ao seu modo, todos com a infância precocemente encerrada, obrigados a amadurecer num mundo cruel, cheios de traumas e receios, mas que repentinamente se aliam em prol de um objetivo comum: conservar, a custo de muita luta, sangue e dor, o pouco que lhes restou, o pouco que os terraítas não levaram consigo para o Submundo. Isso só no primeiro livro.
O segundo se expande, mostra o outro lado da moeda, e você compreende que o mundo criado por Brett não tem espaço para maniqueísmos clichês. Quem você odiou no primeiro volume começa a ganhar certa compreensão da sua parte no segundo, e até mesmo alguma empatia. Acompanhamos cada passo dado por ele até chegar aonde chegou e ser obrigado a fazer o que fez. E finalmente o compreendemos. Não existem pessoas totalmente más, nem totalmente boas: existem pessoas. Ponto.
Enfim, Ciclo das Trevas é uma obra que eu quero reler muito em breve, mas só quando estiver com tempo de sobra. A vontade que tenho é de ler, enxergar as entrelinhas e fazer um apanhado geral, uma enciclopédia, desse universo rico que a mente de Brett nos entregou. Fazer isso tudo só por diversão mesmo, só porque sei que o material é extenso e o assunto me interessa, sabe? Mas talvez faça isso quando o último livro for lançado. Também penso em postar por aqui um resumo para quem está ansioso pelo terceiro, mas não recorda detalhes do que já aconteceu. E aí, que cê acha?


Serial Killers – Anatomia do Mal. Eu sempre fui fascinada pelo assunto. Um fascínio mórbido, definitivamente, que foi despertado anos atrás quando eu acessava o Medo B com a minha mãe. Sempre fui curiosa em saber como funciona a mente dessas pessoas – elas não sentem como a gente, não têm a nossa visão de mundo. São duras, cruéis e capazes de fazê-lo sumir da existência mundana com um sorriso de satisfação no rosto. Mentes corrompidas, coração sem amor. Não existe uma idade para você ser um serial killer– ou qualquer outra das categorias que aprendi ao ler Anatomia do Mal.
Um trabalho de pesquisa minucioso, muito bem diagramado e perfeitamente ilustrado. O tipo de livro que enche os olhos de quem vê. Atraiu atenção até daqueles que não se interessavam pelo assunto – ou o achavam repugnante. Todo mundo que me via com Anatomia queria dar uma folheada rápida no livro. Claro que, para a maioria das pessoas, bastava uma lida em algum Estudo de Caso para que desistissem rapidinho da ideia de devorar aquelas páginas – e tivessem pesadelos pelo resto da semana. Essa obra reúne os piores exemplares de seres humanos que infelizmente pisaram na face da Terra. Eles estão aqui para provar que não existe outro Inferno senão o que nós mesmos somos capazes de produzir. Para pessoas assim, não há Deus nem Satanás. Eles são seus próprios deuses, existem para satisfazer a si mesmos. E, em minha opinião, têm uma mente totalmente corrompida, quiçá incompreensível – e se você quer tentar decifrá-los, Anatomia é uma obra que precisa conhecer.


Star Wars, A Trilogia. Eu havia tentado infindáveis vezes assistir aos filmes, mas sempre desistia por achá-los entediantes. Antes de ler esses três primeiros episódios – que são os três últimos, vai entender –, eu nunca assisti por completo as obras cinematográficas. Acho que o fato de tanta gente me criticar e perturbar para assistir colaborou para que eu me afastasse cada vez mais da criação de George Lucas... Não tinha qualquer interesse em explorar esse universo até que o livro da DarkSide Books chegou em mim. E olha, esse exemplar encanta e deleita os olhos, viu? Decidi arriscar, dar uma chance. Meu namorado tentou ler primeiro e disse que era chato, entediante, e não se comparava à experiência de assistir os filmes. Fiquei desanimada, mas fui lá e comecei a ler...
... e só parei ao chegar na última página de Uma Nova Esperança. Quis me dar um soco. Como não tinha dado uma chance antes? Por que fui tão teimosa? Bastou um contato ínfimo e eu já estava apaixonada pelo R2-D2, querendo calar a boca do C3PO e revirando os olhos com o egocentrismo do adorável Han Solo. Os estilos narrativos dos três autores diferentes que trabalharam nos livros, tendo como base a ideia de George Lucas, me cativaram. Os três com suas singularidades, contando a história de modos diferentes, mas ainda assim submergindo completamente o leitor. Hoje em dia adoro Star Wars, acho fascinante, mas nunca gostarei tanto dos filmes quanto amo os livros. Meu próximo objetivo é ler Star Wars Legendsda Editora Aleph. Explorar esse universo inteiro nunca é demais.


Batman: Arkham Knight. Eu nunca possuí um lado gamer. O mais perto que cheguei disso foi com meu vício em jogos do Mario e do cavalinho – como eu chamava o Yoshi lá pelos oito anos de idade. Tenho um console de PlayStation, embora o use mais para ver Netflix e prefira jogar Guitar Hero. Meu irmão tem uma variedade de jogos que encantaria todo bom gamer, mas que não me atraem. Entre eles estáBatman: Arkham Knight, que ele jogou e zerou, empolgado, em poucos dias. Até comentou comigo sobre, mas não dei muita bola.
Aí a DarkSide veio com a proposta de trazer ao Brasil a novelização do jogo. Confesso que pensei em nem solicitar... Até que vi a capa e a lombada das páginas. Pensei comigo mesma que podia não gostar da obra, mas queria ter aquele livro na estante (sim, esse é meu lado ruim de leitora). Pedi. Li. Amei.
Poucas vezes me deparei com uma escrita tão simples e fechada, preto no branco, sem enrolações. Embora eu saiba que não curtiria o estilo narrativo se ele fosse aplicado aos livros de fantasia épica que costumo ler, acho que casou perfeitamente com Batman e a dinâmica dos acontecimentos da obra. Mais um livro da Caveirinha para os favoritos. Talvez não seja indicado para quem jogou Batman: Arkham Knight, por conter diferenças substanciais como coisas que ocorrem no jogo, mas não no livro... Entretanto, com certeza é uma ótima porta de entrada para quem, como eu, ainda não havia se interessado de verdade pelo herói – ou anti-herói? No livro, esse é um grande dilema que Batman enfrenta.


Essa é uma das únicas fotos que tenho do livro, já que doei o exemplar a uma conhecida que passava por uma tragédia pessoal e lia Noiva Fantasma às escondidas, como que num refúgio. Amo de paixão a história, mas não me arrependo de ter passado a obra adiante.
A Noiva Fantasma. Foi o primeiro livro que li da editora, e com certeza aquele que mais me retirou da minha zona de conforto. A despeito do romance contido na obra, eu devorei as páginas porque a autora conseguiu conduzir um livro lotado de aspectos culturais malaios tão interessantes que não tive outra escolha. Conheci a mitologia e os costumes desse povo, o que é o maior ponto a ser destacado. A escrita da Youngsze Choo é muito bem arquitetada, assim como o enredo e a cadeia de acontecimentos. Eu diria que esse é um livro capaz de agradar todo mundo, pois aborda aspectos fantásticos e mitológicos para fãs de fantasia, a questão da ficção histórica para quem curte o gênero, além de ter aventura para aqueles que não dispensam um livro de aventura. Há romance, não muito meloso nem exagerado, então ele não afasta quem odeia romances, mas atrai quem os ama... Enfim,  fiquei curiosa por mais livros da autora, e espero que ela seja publicada novamente em breve pela Caveirinha.


Outras menções honrosas que eu me sinto na obrigação de fazer são Circo Mecânico Tresaulti, tão delicado e singular que conseguiu me fazer chorar; Trilogia dos Espinhos, que por enquanto li apenas o primeiro volume, mas já me conquistou; A Guerra da Rainha Vermelha, que só teve lançado por aqui o primeiro livro também, por isso não mencionei como DarkCrush (afinal, não li toda a trilogia); e, por fim, Social Killers, que está longe de ser tão detalhado quanto Anatomia do Mal, mas não deixa de ser maravilhoso – pelo menos para mim, que amo o assunto.

E quanto a você, quais são seus livros favoritos da Caveirinha? Conta aí nos comentários! Se quiser concorrer a um dos cinco livros mencionados acima como DarkCrushes, é só deixar um comentário neste post, compartilhar o link dele em sua linha do tempo no Facebok (só copiar o endereço dessa postagem e colar em seu perfil) e responder o formulário (este aqui). Boa sorte!


 


A Sala do Tempo - Renan Bernardo #celebreoqueénosso

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O livro é composto por 8 contos interligados. Começa com a história de Jonas, um rapaz obcecado por sua namorada. Quando ela termina o relacionamento, ele fica desesperado e procura refúgio em uma livraria abandonada, mais especificamente, em uma sala vazia nos fundos. Mas aquela não é uma sala normal: quando alguém se tranca dentro dela o tempo para de passar do lado de fora. Ao descobrir como a sala funciona, Jonas decide usar o tempo para reconquistar seu grande amor. O que ele não sabe é que suas ações despertarão um mal adormecido que trará muita aflição e desespero para toda a cidade e além dela.
O livro é bem curto, tem apenas 160 páginas, além disso, possui uma narração bem leve, dinâmica e o autor não se prende muito aos detalhes. Achei a premissa do livro muito boa. A Sala do Tempo me encantou, quem não gostaria de ter um pouco mais de tempo em algumas ocasiões? Me fez pensar: se eu soubesse da existência de uma sala do tempo, será que eu resistiria a usá-la, mesmo sabendo das consequências? Não tenho tanta certeza.
Os personagens foram bem desenvolvidos, principalmente se os considerarmos personagens de contos, pois cada conto envolve personagens diferentes, os poucos que aparecem mais de uma vez são mencionados de forma breve.
O autor fez uma mudança na forma de nos contar a história: ele já começa o livro nos contando sobre a sala do tempo e sobre o vilão do livro. Eu, particularmente, não gostei dessa mudança. Eu gosto de todo o suspense, de montar o quebra-cabeça aos poucos, de não saber o que ou quem é o vilão/monstro, acho que o maior responsável pelo nosso medo é o desconhecido e que ao descobrirmos o que é, como funciona ou porque faz o que faz, nosso medo diminui.
“- Quem come sorvete não faz mal a ninguém - disse Leo. - Uma coisa que aprendi é que super vilões jamais comem sorvetes ou doces... Nossa... Mas tem bastante mesmo... - Leo pisoteou algumas só pelo prazer de escutar o "craaaaaque" delas quebrando sob seus pés.”
ATENÇÃO, SPOILERS! [Para visualizá-lo, selecione com o mouse todo este parágrafo] Como diz Bane no filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge": sem esperança não há medo. E essa é a mais pura verdade, nos primeiros contos, eu ficava aflita pelos personagens, quando eu perdi a esperança de que eles fossem sobreviver, toda a aflição e o medo desapareceram.
Então, embora seja uma leitura gostosa, eu não senti medo, não fiquei apreensiva, pois já sabia o que iria acontecer. Acho que essa é uma leitura indicada principalmente para quem quer começar a ler o gênero e não quer pegar uma obra muito pesada logo de cara ou para quem já lê terror e está em busca de uma leitura rápida e leve.
Sobre o livro: a capa tem tudo a ver com a história, é incrível como depois de ler você descobre como uma capa tão simples pode esconder tantos segredos. As páginas são amareladas, a fonte é grande e confortável. O livro possui índice (sério, eu amo isso) e uma citação no início de cada capítulo.

SORTEIO
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Foto retirada do blog A Trilha do Medo.
Eu tive alguns problemas pessoais nos últimos meses e por conta deles algumas de minhas resenhas estão atrasadas. Então, como um pedido de desculpas aos autores, ao blog e aos leitores e agradecimento por toda a compreensão: sorteio (porque sorteios deixam todo mundo feliz 😁) de 1 exemplar autografado pelo autor + marcadores.
O sorteio será realizado dia 01 de dezembro, para participar basta:

  • Ter endereço de entrega no Brasil; 
  • Curtir a página oficial do livro no Facebook;  
  • Curtir a página do Me Livrando no Facebook; 
  • Compartilhar a publicação no Facebook; 
  • Comentar esse post (aqui no blog) dizendo porque quer ler esse livro.

* O sorteio será realizado pelos comentários no blog. Será contabilizado apenas 1 comentário por pessoa. 
** O sorteado terá 48 horas para entrar em contato, caso o contato não ocorra o sorteado perderá o direito ao prêmio e o sorteio será refeito. 
*** O blog e o autor não se responsabilizam por extravio dos correios.
Boa sorte!

Este post foi escrito por Alexia Bittencourt Ávila.


O que eu aprendi sobre morrer – Confissões do Crematório, de Caitlin Doughty

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Todos nós iremos morrer um diaEssa é, talvez, a única certeza que temos na vida. Não importa o quanto você ame viver, ou o quanto ame alguém e queira que a pessoa esteja ao seu lado para sempre. Isso não irá ocorrer. A morte virá, pura e simplesmente, e essa é uma coisa com a qual todos nós teremos de lidar um dia.
Confissões do Crematório – Lições para toda a vida (Smoke Gets in Your Eyes: And Other Lessons From Crematory no original) vem, em parte, para derrubar todo o tabu que envolve um fato certo e claro: a morte. Se prematura ou não, natural ou violenta, ela sempre estará presente em nossas vidas. Caitlin Doughty tenta mostrar que pensar assim não é pessimismo, e sim encarar a realidade. Se é inevitável, por que temos tanta dificuldade em abordar o assunto? Um tema que à primeira vista parece envolto em morbidez – mas que você logo descobre que é necessário ser abordado.


Recentemente, saindo do Fórum Criminal da minha cidade, me deparei com uma senhorinha precisando de ajuda para descer um lance de escadas porque suas pernas estavam cheias de “astose”. Eu a ajudei, seguindo seus passinhos curtos, e aproveitei aquele tempo para conversar um pouquinho. Ela me contou que recentemente havia perdido a única filha. O acidente que ceifou uma vida jovem, ainda na flor da idade, soa bizarro: descarga elétrica durante o banho. Isso mesmo: a moça morreu no chuveiro elétrico. O mesmo que eu uso, que você que está lendo deve usar em dias frios. Naquele dia, a moça atravessou a porta do banheiro, talvez pensando em sair perfumada e renovada após um dia intenso de trabalho – e provavelmente nunca imaginou que jamais sairia viva. A senhorinha, cujo nome não perguntei, narrou sua história com tanta naturalidade que me senti comovida, talvez por não estar acostumada a ver alguém abordar tema tão delicado, especialmente se é recente, sem delongas. Mas ela está certa, afinal, em reagir de modo tão pacífico. A morte, personagem constante em nossas vidas, não pode ser delegada ao papel de mera vilã de quinta categoria. De certa forma, acredito que deve ser respeitada. Ela chegará um dia para todos nós.


Enfim, esse é o tema central da obra. A morte, o modo como a autora encara esse momento. O fascínio pelo assunto que a levou a trabalhar em um crematório por algum tempo, trabalho que descreve minuciosamente em dezenove capítulos. Todas as reflexões que teve e tem até agora; todas as verdades que ninguém quer contar; as descrições detalhadas do ofício, incluindo como embalsamar corpos e o que ocorre com a gordura humana no forno crematório...

“Olhar diretamente nos olhos da mortalidade não é fácil. Para evitar isso, nós escolhemos continuar vendados, no escuro em relação às realidades da morte. No entanto, a ignorância não é uma benção – é só um tipo mais profundo de pavor.”

Caitlin expõe os bastidores da chamada “indústria da morte” estadunidense, que quer apenas lucrar cada vez mais, sem se preocupar com os sentimentos dos familiares dos mortos que passam por esse momento tão delicado... A autora também faz uma varredura mundo adentro com relação aos costumes e a visão que outros povos possuem sobre a morte, desde a antiguidade até os dias atuais. Além disso, ela criou a “The Order of the Good Death”, cujo site você pode acessar aqui, e que se define como um grupo de profissionais da indústria funeral, acadêmicos e artistas que exploram maneiras de preparar uma cultura 'morte-fóbica' para sua mortalidade inevitável.
O livro é recomendado para todo mundo. Até para você que, ao ler essa resenha, chegou à conclusão de que não quer lê-lo. Afinal, não é uma questão de querer – é uma necessidade. Encarar a leitura de Confissões do Crematório é apenas o primeiro passo que todos temos de dar para ver a morte não como uma vilã, mas como aquela amiga que uma hora ou outra chega, trazendo notícia que não queremos receber, mas que nem por isso deixará de ser real. A morte, afinal de contas, não deve ser temida – o terceiro irmão sempre soube disso. Sentir-se em paz com esta personagem permitirá que você viva uma vida em paz, por mais contraditório que possa soar.


harry potter and the deathly hallows the tale of the three brothers
“(...) Já o Terceiro irmão, a Morte procurou por muitos anos, mas jamais conseguiu encontrá-lo. Somente quando atingiu uma idade avançada, foi que ele despiu a Capa da invisibilidade e deu-a de presente para o seu filho. Ele acolheu a Morte como uma velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e como iguais partiram desta vida.” Os Contos de Beedle, o Bardo – O Conto dos Três Irmãos

E você, teme a morte?


Compre Confissões do Crematório – Lições para toda a vida na Amazon, no Submarino, na Livraria Cultura ou na Saraiva. Se quiser ajudar o Me Livrando, você pode comprar clicando aqui. Conheça a página oficial da editora no Facebook e adicione Confissões do Crematório ao seu Skoob ou Goodreads.






Pão e Arte, obra da autora nacional Ana Lúcia Merege #celebreoqueénosso

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Durante as décadas de 1980 e de 1990 a série de livros Vaga-lume fez um grande sucesso com o público infanto-juvenil (inclusive comigo :D), obras como A Ilha do Tesouro, A Ilha do Medo e O Escaravelho do Diabo foram responsáveis por introduzir muitas crianças ao fantástico mundo da leitura. A escritora nacional, Ana Lúcia Merege, consegue com o seu livro Pão e Arte resgatar aquela sensação provocada pelos livros da Vaga-Lume.
Pão e Arte conta a história de uma trupe de artistas que vagam pelas cidades de um mundo fictício, atrás de plateia e moedas no chapéu. Ao longo da narrativa o grupo inicial vai se alterando pelos mais diversos motivos. A história é simples, sem grandes tramas escondidas e sem reviravoltas. E quem falou que história simples é ruim? Neste livro a simplicidade é seguida pela qualidade. Assim como a série Vaga-lume se mostrou ideal para os leitores mirins, Pão e Arte também surge como um belo convite. Adultos também podem se beneficiar da leitura, principalmente durante a tão temível ressaca literária, estado mental em que estamos ligados a algum livro lido recentemente (normalmente com uma trama elaborada) e que não conseguimos iniciar uma nova jornada, mas queremos ler algo. Um livro simples pode ser a solução ideal.
A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Zemel, um garoto de 10 anos, enquanto que os adultos olham para a estrada com medos e preocupações, Zemel enxerga apenas oportunidades de aventura. O olhar infantil sobre temas adultos se faz presente por toda a obra. Cyprien de Pwilrie assume o papel de mestre do Zemel, versado nas mais diversas artes (cura, interpretação, fantoches e por ai vai) surge como líder do bando e responsável direto pelas soluções dos problemas, um sujeito que se torna ainda mais carismático ao ser descrito pelos olhos do Zemel. Além do pupilo e do mestre temos outros personagens surgem ao longo do livro, cada um com sua peculiaridade descrita de forma simples e bem feita.



O livro possui um acabamento muito bonito, a capa é linda, a diagramação perfeita e a folha é um pouco grossa e gostosa ao tato. A leitura flui com uma dinâmica rápida, acabei lendo o livro de 222 páginas em dois dias, mas com tempo disponível é possível ler em apenas um dia.
Além de Pão e Arte, a autora escreveu: A Ilha dos Ossos, O Castelo das Águias, Ana e a Trilha Secreta. Ana Lúcia Merege também é responsável pelos livros do universo de Athelgard, atualmente publicados pela editora Draco.
Para saber mais sobre a autora e os livros dela acessem o blog http://castelodasaguias.blogspot.com.br/.


Post escrito por Alex Almeida da Silva.



4 momentos em que Scott Lynch esqueceu que seus leitores têm sentimentos

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Recentemente, após muita insistência, consegui ler As Mentiras de Locke Lamora. Mas vá com calma: isso não quer dizer que a obra é terrível, ou que a escrita me fez sofrer. Aparentemente esse é o meu jeito de tratar meus futuros autores favoritos: eu tento lê-los, desisto duas ou três vezes, até que por fim resolvo ir até o fim e viro a última página vertendo mais lágrimas do que seria humanamente possível.
Aconteceu com O Nome do Vento, aconteceu com A Guerra dos Tronos e agora também aconteceu com As Mentiras de Locke Lamora. Atentando ao fato de que eu perdi o livro duas vezes – sim, foram duas, mas eu mencionei apenas a primeira vez aos meus amigos leitores e foi o suficiente para ser zoada até hoje por isso. Então, amiguinhos, acabo de dar material para mais zoeira. Porque sim, eu perdi o livro duas vezes, o que nunca antes havia acontecido. Culpa de Calo e Galdo Sanza, em primeiro plano, mas tenho certeza que também tem dedo do Treze Sem Nome nessa história.
Enfim. Scott Lynch escreveu As Mentiras de Locke Lamora em 2006, mas o lançamento no Brasil ocorreu apenas em 2014 através da Editora Arqueiro. Não à toa foi obra finalista do World Fantasy Award, e Lynch foi nomeado ao Prêmio John W. Campbell para Melhor Escritor Estreante. Ele possui uma escrita dissimulada nos momentos certos e repleta de sentimentos quando oportuno, embora ainda acredite piamente que ele não guarde nenhuma emoção dentro daquele coração – se você leu a obra, concordará comigo. Foi recomendado tanto por Rothfuss quanto por Martin, o que quer dizer muita coisa nesse segundo caso, pois ambos (Martin e Lynch) são assassinos insanos e impiedosos.
Certo. Agora me deixe explicar a você o porquê da minha convicção quanto à inexistência de um coração que palpita dentro desse autor doravante denominado Scott Lynch (O Desgraçado, em alcunha que eu mesma inventei). Ah, contém spoilers. MUITOS SPOILERS. Você foi avisado. 


Arte de Kuro-art.
A morte de Nazca BarsaviNazca Barsavi era a única filha do sexo feminino de Capa Barsavi, o homem responsável por todo o submundo de crimes de Camorr, lugar onde nossa história está situada. Cada gangue e larápio que circulava pelas ruas da cidade respondia ao seu comando. Locke não era apenas amigo de Nazca, mas também foi o seu primeiro pezon (algo como servo). De criança obstinada transformou-se em mulher resoluta, mais adequada a suceder o pai como Capa do que os irmãos, não fosse o fato de ser mulher...
E teve uma das mortes mais humilhantes.
Veja bem, eu não acho que tenha visto o suficiente dela para ficar muito abalada com sua morte. Mas não foi isso que chocou, e sim o modo como foi feito, por quem foi feito: pelo Rei Cinza, antagonista desta história, que se consolidou no submundo de Camorr como uma figura lendária e envolta em misticismo. Seu primeiro passo foi matar os líderes das gangues da cidade subordinados ao Capa Barsavi, mas seu golpe final para provocar o homem foi justamente o assassinato da única filha deste.
Porém ele não apenas a matou. Ele a devolveu “lavada”: num barril fechado e cheio até a borda de urina de cavalo. O que causou sua morte pode até ter sido a picada do falcão-lacrau do Mago-Servidor que estava serviço do Rei Cinza, mas o significado de como foi devolvida foi o que impactou. A real razão de seu assassinato e provocação ao Barsavi aparece depois e demonstra o nível de perversidade do Rei Cinza. Talvez Joffrey Baratheon, em seus dias mais insanos, tivesse alguma ideia parecida só por diversão.
– Olhe só o que aquele filho da mãe fez. Ela era a memória viva da mãe. Minha única filha. Eu preferia estar morto a ver isto. – Lágrimas começaram a rolar pelas faces do velho. – Ela foi... lavada. (...) Não apenas morta, mas afogada. Afogada em mijo de cavalo.”



Capa Barsavi com Locke Lamora e Nazca Barsavi ainda crianças. Arte por qess-sie.
A represália ao "Rei Cinza". Claro que Capa Barsavi não podia ficar inerte diante da crueldade ocorrida com sua filha. Então aparentemente concordou com a proposta do Rei Cinza – que afirmara em uma carta, enviada junto com o cadáver de Nazca, que aquela era uma espécie de convite para que se “conhecessem” pessoalmente e que o assassinato covarde fora a única forma que encontrara de atrair sua atenção e garantir que ele apareceria ao encontro. Dito e feito, Barsavi resolveu atender ao seu convite. A diferença era que o desgraçado do Rei Cinza já havia combinado anteriormente com Locke Lamora, obrigando o Vigarista a comparecer em seu lugar. Ou seja, Barsavi teria sua vingança – mas não contra quem pensava.
À essa altura do livro, eu já estava completamente afeiçoada a Locke. Foi com muita dor no coração que li a desgraça que ele viveu. A agonia que senti nesse momento só é comparável a um trecho li um tempo atrás, em que Kvothe vive uma tragédia familiar ainda criança em O Nome do Vento, também da Editora Arqueiro. Presenciar a desgraça acometendo as vidas desses dois personagens, que aprendi e gostei muito de amar, foi como ter uma espada enfiada no meu coração.
“– Vejam só o choro do Rei Cinza – sussurrou Barsavi. – Vejam só os soluços do Rei Cinza. Visão que irei guardar com carinho até a última hora do dia da minha morte (...) Nazca por acaso soluçou? Por acaso chorou quando você a matou? Não sei por quê, mas acho que não. (...) Ele vai ter o mesmo destino de Nazca: vai morrer como ela morreu, só que pelas minhas mãos!
Barsavi segurou Locke pelos cabelos e inclinou seu rosto em direção ao barril. Por um instante passageiro e irracional, Locke sentiu-se grato por não ter mais nada no estômago para vomitar. A ânsia causou espasmos de dor nos já doloridos músculos de sua barriga.

– (...) Com uma pequena diferença, seu filho da puta. No seu caso não vai haver veneno. Nenhuma saída rápida antes de eu jogar você lá dentro. Vai poder sentir o gosto o tempo todo. O tempo todo em que estiver se afogando.”

É. Então basicamente Rei Cinza pensou desde o início em matar Nazca, enfurecer Capa Barsavi, mandar Locke em seu lugar, para que então Barsavi pudesse assassiná-lo pensando que o Vigarista era o próprio Rei Cinza. Um modo bem eficaz de eliminar a única ameaça séria aos seus planos, ao mesmo tempo em que não teria mais o submundo de Camorr atrás de si, já que todos pensariam que estava morto. Cruel o suficiente, não?
Não. Não foi o suficiente para o Rei Cinza.



Os gêmeos Sanza e Pulga. Arte por Fictograph.
A morte de Calo, Galdo e Pulga. Essa aqui foi para acabar de vez com meu reservatório de lágrimas. Quase matar Locke e colocá-lo numa situação em que ele só não morreu por ser o protagonista da história foi coisa pouca para o Rei Cinza. Ele quis ir mais além. Por pura perversidade, porque ele com certeza devia imaginar que os Sanza não representariam tanto perigo sem Locke para comandá-los, ele resolveu matar os gêmeos. 
Foi desumano. Calo e Galdo foram, durante toda a obra, o grande alívio cômico da história. Matá-los só se torna equiparável a matar Rony Weasley logo na metade de A Pedra Filosofal. Eles não foram os personagens principais do livro, mas conquistaram seu lugar no coração de cada leitor – tanto que não vi um único dizer que não gostou deles. Charmosos, fortes, inteligentes e divertidos: o assassinato deles foi um golpe duro para Jean, Locke e Pulga, que de repente se viram desestruturados. O que seria dos Nobres Vigaristas sem os irmãos Sanza? Eu sinto que vou chegar ao fim da saga imaginando cada comentário que eles teriam feito nos livros que ainda lerei.
“Calo e Galdo estavam caídos de costas ao lado da caixa, encarando a semiescuridão. Tinham a garganta aberta de orelha a orelha com dois cortes limpos – dois ferimentos gêmeos idênticos.”

Assassinar Calo e Galdo, entretanto, ainda não tinha surtido o efeito desejado por Lynch, O Maldito. O que ele resolveu fazer? Tirar Pulga da gente. O moleque mais novo dos Nobres Vigaristas, que estava trilhando seu caminho para se tornar de vez um deles, aprendiz cheio de energia, garra e vontade de viver. Uma das partes mais emocionantes foi justamente sua despedida de Locke – o momento em que eu precisei fechar o livro e ver alguns episódios de Pokémon para espairecer, caso contrário desidrataria.
“– Eu sou um Nobre Vigarista – disse Pulga devagar, com raiva. – Ninguém se mete conosco. Ninguém nos derrota. Você vai nos pagar!”

Pulga foi um herói no começo do livro, em seu auxílio no roubo planejado aos Salvara, e na metade também. Quando o capanga do Rei Cinza apareceu nas ruínas da Casa de Perelandro, refúgio dos Nobres Vigaristas, armado com uma balestra destinada a Pulga para em seguida matar Jean, ele não contava com a presença de Locke. Se não fosse tão impulsivo e corajoso, talvez Pulga continuasse vivo. Mas ele não conseguiu se conter e tentou atacar o capanga. Isso lhe rendeu uma flecha no pescoço e uma morte dolorosa.
“– Me perdoe – balbuciou Locke entre as lágrimas. Que os deuses me amaldiçoem, Pulga, isso tudo é culpa minha. Nós poderíamos ter fugido. Deveríamos ter fugido. O meu orgulho... Você, Calo e Galdo... Essa flecha deveria ter sido pra mim.
– O seu orgulho – sussurrou o menino. – É justificado. Nobre... Vigarista. (...)
– É justificado – cuspiu Pulga. O sangue já lhe escorria pelo canto da boca. – Eu não... não sou mais um segundo?   Não sou mais... um aprendiz? Sou um Nobre Vigarista de Verdade?
– Você nunca foi um segundo, Pulga. Nunca foi um aprendiz. – Locke deu um soluço, tentou alisar os cabelos do menino para trás e ficou consternado com a marca de sangue que sua mão deixou na testa pálida. – Seu idiotinha corajoso. Seu vigaristinha idiota e valente. Isso tudo é culpa minha, Pulga, por favor... por favor, diga que é tudo culpa minha.
- Não – murmurou Pulga. – Ai, meus deuses... como dói... dói tanto...
O menino parou de respirar enquanto Locke o segurava. Não falou mais nada.”

Em memória de Pulga. Arte por Kejablank.




Capa Barsavi. Arte por Dejan-Delic.
A morte da família Barsavi. Certo, Vencarlo Barsavi estava longe de ser um homem exemplar – mas até poderia ser considerado assim dentro de seu ofício duvidoso. Eu não posso dizer que me afeiçoei ao personagem, porque sinceramente não me importo muito com ele. Agora o modo com sua família foi dizimada da face de Camorr – isso sim é algo que choca, independentemente da pessoa com a qual está ocorrendo.
O Rei Cinza revelou-se na verdade Capa Raza, irmão gêmeo das Irmãs Berangias, que eram guarda-costas pessoais de Barsavi que há anos conquistaram sua confiança. Os trigêmeos arquitetaram o plano de vingança por vinte anos, sem pressa alguma (inclusive Raza significa Vingança em terim do trono, idioma presente na obra). Como eu comentei anteriormente, Barsavi não foi um homem exemplar e em sua caminhada ao topo acabou pisando em calos de muita gente. Sua omissão, em algum momento dessa subida, ocasionou a morte dos pais e outros irmãos dos trigêmeos. Eles não esqueceram isso e dedicaram o restante de suas vidas a preparar-se para o momento derradeiro em que se vingariam não apenas do homem diretamente responsável pela chacina, mas pelos indiretamente responsáveis também – toda a nobreza de Camorr.
Enfim. Pachero e Anjais, os filhos restantes de Barsavi, foram assassinados de modo impiedoso pelas Irmãs Berangias. Uma delas esmagou a cabeça de Pachero acima da orelha esquerda, enquanto a outra enterrou a ponta de picareta do seu machado na nuca de Anjais. Tudo isso diante de Barsavi e toda a sua corte, em um momento de comemoração à suposta morte do Rei Cinza, enquanto um dos tubarões da coleção particular do (por enquanto único) Capa de Camorr dilacerava o seu braço direito.
O Rei Cinza/Capa Raza deu o “golpe da misericórdia” cravando um punhal no pescoço de Barsavi e assim toda a sua geração encontrou um fim prematuro e doloroso.
É. Após ver o tanto de mal que os Berangias causaram, retifico o que disse no começo deste tópico: eu não ficaria nada triste se esse fosse o modo pelo qual os trigêmeos morressem. Na verdade, ficaria bem feliz. Nem o que Jean faz depois compensou, na minha opinião...


 Então, gente... As Mentiras de Locke Lamora foi uma obra que reuniu mortes que eu só esperava acontecer no terceiro livro, talvez. Chorei, fiquei arrasada e entendi que a tendência desses autores de fantasias e aventuras épicas contemporâneos é sempre colocar mortes mais dolorosas de personagens queridos como modo de tortura psicológica para com os leitores. É super efetivo, viu? Parabéns, Lynch. Você detonou meu coraçãozinho. Poxa, fingia que os Sanza e Pulga morreram. Fazia o Locke pensar que sim. Depois eles apareciam vivos e todo mundo ficava feliz – viu que incrível? Mas não. Você prefere ser influenciado pelo seu coleguinha de escrita, George R. R. Martin. Eu desaprovo totalmente essa conduta. Mas ele...

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Mas e quanto a você, leitor? Qual foi a parte mais devastadora de As Mentiras de Locke Lamora para você? E para o leitor corajoso que leu até aqui mesmo sem ter lido o livro ainda (há pessoas que gostam de spoilers, eu mesma amo), a minha recomendação final é: leia. Mas pratique desde a primeira página o desapego. Não seja como eu, que estou nessa vida há algum tempo e ainda não aprendi que não posso amar personagem algum sem que a possibilidade de ele morrer de modo cruel aumente em cinquenta por cento.

Livros da série: As Mentiras de Locke Lamora || Mares de Sangue || República de Ladrões || The Thorn of Emberlain || The Ministry of Necessity || The Mage and the Master Spy || Inherit the Night.

 


Eventos Intrigantes da Era da Ferrugem: a HQ brasileira que você precisa conhecer

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“Intrigante, misterioso, sangrento, obscuro... Esses são só alguns dos adjetivos que caracterizam Era da Ferrugem, uma HQ brasileira que você precisa conhecer.”

Se você acha que toda HQ/livro escrita por algum brasileiro é ruim, então reveja seus conceitos. Porque hoje eu preciso compartilhar com você uma coisa chamada Fatos Intrigantes da Era da Ferrugem. Ambientado em um clima obscuro cheio de assassinatos bizarros e acontecimentos medonhos, onde acompanhamos o jovem Piet em busca de respostas para todos os fatos que o interligam de um jeito bem esquisito.
É uma série de webcomics, criada e produzida por Samuel Fonseca e disponibilizado gratuitamente no próprio site da HQ! O mais legal é que o site foi feito especialmente para a HQ, ou seja, não há aquela chatice de aumentar/diminuir a imagem toda a vez que mudar de página. E ainda mais: existe trilha sonora, composições feitas exclusivamente para Era da Ferrugem por Samuel Fonseca, no qual você pode ouvir a música que o protagonista estava ouvindo em certo momento e músicas selecionadas para realmente o fazerem imergir na história. Como comecei a ler HQ’s há pouco tempo, confesso que achei os traços um pouco diferentes pelos quais eu estou acostumada, mas de certa forma os amei. Acredito que combinou muito bem com a história — que, por sua vez, é mais sombria.
Tudo começa quando Piet (nosso protagonista) resolve convidar uma garota para sair e acaba indo a uma festa que ela o chama, um evento que ocorre dentro de uma igreja. Quando por fim ele chega lá, Sophia dá uma grande esnobada no cara, o chamando de seu fã e tudo o mais. Piet fica indignado e triste e, para piorar, descobre que a tal Sophia tem namorado e que ela apenas o usou para fazer ciúme nele. Acontece que o namorado dela é o maior babaca e Piet acaba saindo de lá furioso e entristecido. Nada de mais até aí, não é mesmo? É que as coisas começam a ficar esquisitas depois.
Quando adolescente Piet adorava desenhar, fazer personagens de quadrinhos. Criava vários personagens e aqui damos destaque ao Dark Justice, que acabaria com as pessoas que fazem injustiças e maldades com as outras. O fato é que Piet nunca mostrou tais desenhos, apenas com exceção de seus pais e seus amigos. E então Piet descobre que Sophia e seu namorado foram brutalmente mortos num túnel, postos de cabeça para baixo, nus e com um desenho como background daquilo. E este desenho, leitores, é de Piet.


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O desenho dele estava lá, no meio daquela cena de assassinato, exatamente como Piet o havia desenhado no papel; o Dark Justice. Mas ele tem certeza de que não foi ele quem os matou, ele sabe disso, não sabe? Então como isso foi acontecer? Seus amigos não fariam isso... Não é mesmo? Entretanto, de alguma forma, ele sabe que aquele desenho naquela cena do crime tem alguma coisa a ver com ele. Mas o quê? Piet não sabe, mas tem a total certeza de que vai descobrir.
Conforme os capítulos vão passando, mais mistérios vão surgindo, peças soltas de um quebra-cabeça complexo. Eu não sou tão boa com mistérios, então demorou um bocado para descobrir o que estava acontecendo. O desfecho é incrível, algo inimaginável. Foi algo insano, diferente, surpreendente.

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Vale destaque as músicas compostas por Samuel Fonseca. Algumas casam perfeitamente com as cenas. A minha preferida, sem sombra de dúvidas, é Stained Lineage, que faz o fundo da minha cena favorita em Era da Ferrugem, que eu gosto de chamá-la como “A Libertação em Paper Kup”. Apesar do título não parecer muito atrativo e até meio cômico, garanto a você que quando ler vai entender do que eu estou falando!


É interessante também notarmos o sentimento de Piet nessa busca por respostas. Depois do acontecimento em Paper Kup, ele decai de uma forma bem triste. As ameaças tomam conta da sua mente, aparições o deixam maluco, ele entra em um tornado de sentimentos tristes, onde um levanta o outro, o levando cada vez mais para o fundo do poço.

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Personagens memoráveis, uma trama misteriosa e obscura, uma trilha sonora incrível e cenas icônicas... O que mais você está esperando para ler essa HQ?

Para ler Era da Ferrugem, clique aqui. Boa leitura!

Então, leitores, infelizmente nosso tempo acabou! Mas você pode comentar o achou, se está disposto a ler ou se leu e tem mais alguma ideia para trocar (alguma teoria da conspiração, uh? XD). Um abraço!



 Este post foi escrito por Rebeca Pereira.



Bidu: Caminhos – e um encontro que sempre esteve destinado a acontecer

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Eu cresci lendo os quadrinhos da Turma da Mônica, série criada por Maurício de Sousa. A minha avó fez uma assinatura para mim e todo começo de mês eu ficava na garagem dela esperando o carteiro entregar meu tesouro; às vezes ele atrasava e eu o amaldiçoava por isso, mas quando a entrega chegava a irritação passava e eu me debruçava sobre os gibis e os lia várias vezes até o início de um novo mês. Posso afirmar que a Turma da Mônica iniciou meu gosto pela leitura.


Acredito que muitos possuem histórias parecidas e cada um ao seu próprio modo criou uma relação afetiva com os personagens de Maurício de Sousa.
Recentemente eu descobri o projeto Graphic MSP organizado pela editora Panini e sob a tutela do próprio Maurício de Sousa. A ideia é recontar a história de todos os personagens, não só os principais (Mônica, Magali, Cascão, Cebolinha e Chico Bento). Através desse projeto podemos conhecer a profundidade do Franjinha, Bidu, Louco, Piteco e muitos outros. Cada Gibi conta a história de um desses personagens. São diversos roteiristas e ilustradores que encaram essa audaciosa missão. Sim, é isso mesmo, o Maurício de Sousa não é o responsável direto pela criação, mas tudo passa pelo aval dele.
Se a primeira impressão é a que fica, a desse projeto é excelente. Capa dura e com imagens lindas, as folhas são de excelente qualidade, os traços e as cores são vívidos. A série Graphic MSP trata-se de uma verdadeira obra de arte.


Bidu: Caminhos, dos autores Eduardo Damasceno e Luis Felipe Garrocho, conta a história de um encontro que estava escrito para acontecer; independente dos caminhos escolhidos pelos protagonistas, eles estavam destinados a se encontrar. De um lado Bidu, um filhote esperto e azul, do outro lado Franjinha, uma criança inteligente e excêntrica.
Em livros, nos acostumamos a focar muito nas palavras e se o leitor não tem o hábito de ler quadrinhos, ao se ver de frente a um pode cair na armadilha de dar atenção apenas aos balões de diálogos. Em Bidu: caminhos esse erro fica ainda maior. Por ser narrada em sua maior parte pelo ponto de vista do Bidu, o gibi não possui muitos diálogos e é nessa parte que descobrimos a arte produzida pelos autores. Como contar uma história sem palavras? Observem as expressões corporais, observem o cenário e principalmente observem os olhos dos animais. Através do olhar o leitor consegue ter a nítida noção do que está acontecendo.


Bidu, um filhote que vive na rua e enfrenta cotidianamente grandes adversidades. A necessidade de arrumar um local para dormir, alimento e ao mesmo tempo escapar dos perigos da cidade, colocam-no em constante movimento. Franjinha sente que falta algo, ele quer um cachorro, mas nunca acha o certo, mas no fundo sabe que existe uma cara metade canina em algum lugar.
A arte gera emoções e nos faz refletir. Bidu: Caminhos me emocionou e me fez refletir. Atualmente eu tenho uma cachorra chamada Morgana que eu a “encontrei” quando ainda era uma filhote abandonada na rua. Ao finalizar a leitura eu percebi que ela também me encontrou, que ela superou adversidades e improbabilidades para que nossos caminhos se cruzassem. Agora vejo que o certo é dizer que eu e a Morgana nos encontramos.
Bidu: Caminhos, é uma apreciação extremamente válida. Já adianto que não é coisa de criança ou apenas elemento nostálgico. A obra me lembrou as animações da Pixar que sempre esconde algo para os adultos, aquele sentimento que só compreendemos com o passar dos anos.
Essa é a minha Bidu (Sim, para minha surpresa ela se tornou uma cavaleira Jedi).


Caso você tenha um Bidu ou uma Bidu nos conte a história de como se encontraram e quais caminhos percorreram. Se possível postem fotos nos comentários no link desta publicação lá no grupo (Facebook) do MeL.



 Este post foi escrito por Alex Almeida da Silva.


Resenha || Kenobi de John Jackson Miller

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  Título da Série: Star Wars – Legends
  Título do Livro: Kenobi
  Autor: John Jackson Miller
  Editora/Tradução: Aleph/Fábio Fernandes
  Páginas: 528
  Ano de Publicação: 2015
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva || Livraria Cultura || Compre aqui e ajude o MeL


Sinopse A República foi destruída, e agora a galáxia é governada pelos terríveis Sith. Obi-Wan Kenobi, o grande cavaleiro Jedi, perdeu tudo... menos a esperança. Após os terríveis acontecimentos que deram fim à República, coube ao grande mestre Jedi Obi-Wan Kenobi a missão de proteger aquele que pode ser a última esperança da resistência ao Império. Vivendo entre fazendeiros no remoto e desértico planeta Tatooine, nos confins da galáxia, o que Obi-Wan mais deseja é manter-se no completo anonimato e, para isso, evita o contato com os moradores do local. No entanto, todos esses esforços podem ser em vão quando o “Ben Maluco”, como o cavaleiro passa a ser conhecido, se vê envolvido na luta pela sobrevivência dos habitantes de um oásis esquecido no meio do deserto e em seu conflito contra o perigoso Povo da Areia.

movies star wars obi-wan kenobi light saber

Kenobi, publicado aqui no Brasil pela Editora Aleph, se passa entre os eventos do Episódio III e o Episódio IV e nos conta o que aconteceu com Obi-Wan Kenobi após ter partido para Tatooine em sua missão de entregar o filho de Anakin, Luke Skywalker, para os Lars.
A história é centrada no Oásis Pika, em Tatooine, onde Obi-Wan (agora conhecido como Ben) é um recém-chegado que deseja apenas ficar em seu canto, sem chamar atenção. Mas logo as pessoas começam a se perguntar: quem é o forasteiro misterioso cujo nome é Ben? Qual o seu passado? Que segredos ele carrega? E por que ele faz questão de se manter afastado?
Os ataques constantes de Tusken (Povo da Areia) contra a comunidade local fez com que os fazendeiros criassem o Chamado dos Colonos, liderado por Orrin Gault, a fim de combater tais ataques e manter as pessoas a salvo do Povo da Areia.


“Mas não posso me dar ao luxo de reagir às coisas como Obi-Wan Kenobi mais. Não poderei sequer ligar meu sabre de luz sem que esse gesto grite ‘Cavaleiro Jedi’ a todos ao redor. E, mesmo em Tatooine, imagino que alguém saiba o que é isso!
Então, esse será o fim. De agora em diante, por tanto tempo quanto seja necessário, vou cuidar de minha vida e me manter longe de problemas. Não posso brincar de Jedi nesse mundo e ajudar a salvar os outros mundos ao mesmo tempo. O isolamento é a resposta.”

John Jackson Miller retrata muito bem seus personagens, em especial Obi-Wan. Podemos sentir o seu sofrimento. Ele perdeu seus companheiros, seu lar e ainda carrega o peso de ter matado Anakin, considerado um irmão para ele (vale lembrar que neste ponto da história, Obi-Wan ainda não sabe que Anakin sobreviveu). E mesmo com tudo isso ele tem que se manter firme à missão que deve cumprir.
As cenas de meditação, onde ele tenta alcançar seu antigo mestre Qui-Gon Jinn, são muito bem feitas. Nelas são feitos questionamentos acerca da Força, de Anakin, e também da reafirmação de que Obi-Wan (o Cavaleiro Jedi) não existe mais. Tudo isso trabalha para nos convencer da transformação que existe do Obi-Wan que vemos no Episódio III para o Velho Ben do Episódio IV.

“Sabe, eu estou com o sabre de luz dele. Está bem aqui, nas minhas mãos. Em algumas noites, como esta, eu simplesmente me sento e fico olhando para ele, me perguntando o que poderia ter feito para ajudá-lo.
[...]
Talvez se Anakin tivesse ficado mais velho, se tivesse tido a oportunidade de ficar mais velho, ele pudesse ter encarado tudo sob uma perspectiva diferente. Mas simplesmente não era pra ser.
Se ele simplesmente tivesse dado ouvidos à razão, se não tivesse me forçado a fazer o que tive de fazer, então eu não estaria aqui, agora, me sentindo um...
Não.
Boa noite, Qui-Gon.”

Além de Obi-Wan outros personagens se destacam, em especial Annileen Calwell, dona de um comércio localizado no Oásis Pika com uma filha (Kallie) e um filho (Jabe). O desenvolvimento da personagem é muito bem feito, sendo muitas vezes ela a figura central da trama.
Já para as cenas de A'Yark, podemos entrar na visão de um Tusken e entender melhor seu ponto de vista, suas motivações, e sobre sua história e mitologia. Vemos como eles são, de fato, um povo guerreiro e como isso guia suas ações. É um personagem cinza (não completamente mal, mas também não é bom) que tem seus motivos para fazer o que faz.

GUERREIROS TUSKEN.

A ambientação também não nos decepciona. Aqui o autor mostra muito bem como é viver em um planeta distante de tudo e ainda por cima desértico. Há uma grande preocupação em obter água e a economia gira, basicamente, em torno disso. Além disso, locais com os quais já estamos familiarizados como Mos Eisley, Mos Espa e Anchorhead são citados e reapresentados para nos sentirmos familiarizados com o Universo Star Wars que conhecemos.
Não temos muitas cenas com sabres de luz, ou uso da Força, mas temos cenas de tiroteios que nos proporcionam momentos de ação ao nível Star Wars. As cenas de humor não chegam a ser hilárias, mas são bem construídas e encaixadas. John Jackson Miller conseguiu encaixar muito bem alguns elementos do gênero Western no livro.
O livro é ótimo e tem uma boa qualidade (obrigado Aleph!), e apesar de não apresentar com frequência muitas das características que estamos acostumados a ver nos filmes, ainda nos convence de que é (sim) um livro de SW. Portanto fica aqui a recomendação da vez.
Que a Força esteja com vocês!

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 Este post foi escrito por Fabio Otsuka.


Resenha || Jurassic Park de Michael Crichton

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  Título da Série: Jurassic Park
  Título do Livro: Jurassic Park
  Autor: Michael Crichton
  Editora/Tradução: Aleph/Marcia Men
  Páginas: 528
  Ano de Publicação: 2015
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva || Livraria Cultura || Compre aqui e ajude o MeL
  Outra resenha: confira aqui a opinião do Rafa Moraes.

Sinopse Uma impressionante técnica de recuperação e clonagem de DNA de seres pré-históricos foi descoberta. Finalmente, uma das maiores fantasias da mente humana, algo que parecia impossível, tornou-se realidade. Agora, criaturas extintas há eras podem ser vistas de perto, para o fascínio e o encantamento do público. Até que algo sai do controle. Em Jurassic Park, escrito em 1990 por Michael Crichton, questões de bioética e a teoria do caos funcionam como pano de fundo para uma trama de aventura e luta pela sobrevivência. O livro inspirou o filme homônimo de 1993, dirigido por Steven Spielberg, uma das maiores bilheterias do cinema de todos os tempos.


O ano de 1993 ficou marcado na história do cinema com o lançamento de Jurassic Park. Com incríveis efeitos especiais, uma arrecadação bilionária e a magia de Spielberg, o filme se concretizou como um dos melhores blockbusters de todos os tempos.
O que nem todo mundo sabia na época é que o filme foi baseado em um livro. Também chamado de Jurassic Park, escrito por Michael Crichton e lançado em 1990.


Por muito tempo fiquei receoso de embarcar nessa leitura. Jurassic Park foi um filme que marcou minha infância, algo que eu sempre olhei com o maior carinho do mundo. Ficava pensando: “Será que o livro chega ao patamar do filme?” ou “Será que o livro estragará a minha imagem sobre o filme?”. Recentemente tive que fazer um trabalho para o meu mestrado sobre ficção científica e fiquei empolgado para embarcar no gênero. Resultado, comecei logo com Jurassic Park.
A história de ambos (filme e livro) é praticamente a mesma.Hammond, um cara rico e excêntrico consegue dar vida aos animais extintos e cria um parque em uma ilha. Depois de um acidente envolvendo um dinossauro, Alan Grant (paleontólogo), Ellie Satter (paleobotânica) e Ian Malcolm (matemático), são contratados para averiguar a segurança do parque. Ao mesmo tempo, as crianças Tim e Lex, netos de Hammond, chegam a ilha para visitar o avô. Algo dá errado e os dinossauros ficam soltos no parque.
A principal diferença entre as duas mídias é que o filme traz um ponto de vista das crianças, criando uma narrativa aventuresca e até certo ponto desejamos ir ao parque. Já o livro traz o ponto de vista dos adultos. O parque é um local condenado a dar errado antes mesmo do evento que libera os dinossauros.
Normalmente, a ficção cientifica anda de mãos dadas com outro gênero. Jurassic Park é um dos melhores livros de terror que li recentemente. As cenas com o tiranossauro e o velociraptors dão muita agonia. Não é o tipo de terror que te deixa sem dormir, mas é o tipo que não te deixa desgrudar os olhos das páginas, você quer ler para descobrir se o personagem se salvou e também para acabar logo a cena e você poder respirar.


O protagonismo não fica com os personagens, não existe a história clássica do amadurecimento e aprendizado de cada um. Não tem jornada do herói e não tem superação de conflitos internos. Os personagens precisam sobreviver. O grande protagonista é o cenário, ou seja, a Isla Nublar, local escolhido para se transformar no parque.
O livro expõe muito bem as teorias científicas por traz da ideia de usar DNA preservado em âmbar para dar vida aos dinossauros. Além de trazer questionamentos éticos sobre o uso da ciência e sobre a relação entre o homem e a natureza.
Tanto o livro quanto o filme são excelentes experiências para explorarmos o parque dos dinossauros. Principalmente porque cada um proporciona sensações diferentes, um complementa outro.
Ao mergulhar no livro, o leitor irá se deparar com uma ambientação sombria, recheada de terror e ciência.


 Este post foi escrito por Alex Almeida da Silva.


Top 5 || Momentos Literários de 2016

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Resolvi aproveitar o clima de retrospectiva que impera nessa época do ano e elencar os meus cinco melhores momentos literários. Inicialmente pensei em livros, mas ao analisar tudo que li, acabei percebendo que a palavra “momento” se enquadraria melhor.
Colocarei a minha lista em ordem alfabética e não de preferência. Já foi difícil escolher cinco, se eu fosse classificá-los ficaria até o final do ano que vem.


A Guerra do Velho

Acredito que o mais surpreendente. Um livro desconhecido de um autor desconhecido (pelo menos para mim). Comprei porque li um pouco sobre ele em grupos do Facebook e principalmente pela frase colocada no lugar da sinopse “No meu aniversário de 75 anos fiz duas coisas: visitei o túmulo da minha esposa, depois entrei para o exército”. Como que um velho vai para a guerra? Precisava saber a resposta e embarquei na leitura. O livro também marcou minha entrada na ficção científica, gênero que estou amando cada vez mais.
Meta de 2017: me aprofundar na ficção científica.

Harry Potter

Na primeira vez que li Harry Potter, apenas os dois primeiros volumes haviam sido publicados no Brasil, depois tive que esperar o lançamento do restante das obras para continuar a leitura. Se não me falha a memória o intervalo entre um livro e outro foi mais ou menos de um ano. Em 2016, pela primeira vez resolvi fazer uma releitura e a saga escolhida foi Harry Potter. Descobri que a história continua sensacional e que fazer releituras é algo muito prazeroso.
Meta de 2017: reler outros livros.

O Poço da Ascensão

Quando li O Império Final, 1º livro da trilogia (confira uma resenha no Me Livrando aqui), confesso que fiquei um pouco decepcionado. Existia tanto hype em cima do livro, todo mundo falando bemm “o melhor livro de fantasia dos últimos tempos”. Ler com a expectativa alta pode estragar a leitura. O tempo passou, o hype abaixou e resolvi dar continuidade na história. Não conseguia desgrudar os olhos das páginas, os personagens me fisgaram e devorei o livro. Que história sensacional.
Meta de 2017: ler O Herói das Eras (3º livro da trilogia).

República dos Ladrões

Terceiro livro da série Nobres Vigaristas que continuou a história do Locke e sua companhia. Trouxe velhos conhecidos e apresentou novos.
Eu diria que essa saga é uma mistura de Tarantino com Guy Ritche em um mundo de fantasia medieval. O leitor não sabe quem fala a verdade, quem é o verdadeiro inimigo ou quem é o mais filho da puta de todos. Sem contar que a série possui um dos personagens mais memoráveis que já conheci. Locke Lamora.
Meta de 2017: rezar para que o autor lance logo o quarto livro.


O Trono Vazio

Em 2015 eu li os sete primeiros livros das Crônicas Saxônicas. Comecei 2016 na expectativa de saber como que Bernard Cornwell desenvolveria a saga de Uhtred. Fiquei receoso da história cair em um marasmo repetitivo e de virar enrolação. Para a minha felicidade os meus medos se mostraram infundados. Em O Trono Vazio, Uhtred continua hilário e um verdadeiro gênio militar, as batalhas continuam sendo descritas com uma vivacidade única e a trama toma rumos ainda não explorados. Wyrd bið ful aræd.
Meta de 2017: continuar acompanhando Uhtred até que alcance seu objetivo.
E para vocês, quais foram os cinco momentos literários que marcaram 2016? Quais as metas para 2017?


 Este post foi escrito por Alex Almeida da Silva.


Resenha || Coração de Aço de Brandon Sanderson

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  Título da Série: Executores
  Título do Livro: Coração de Aço (1º livro)
  Autor: Brandon Sanderson
  Editora/Tradução: Aleph/Isadora Prospero
  Páginas: 392
  Ano de Publicação: 2016
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva || Livraria Cultura || Compre aqui e ajude o MeL
  Recomendo também: Resenha do Desbravando Livros


Sinopse “Misteriosamente, pessoas de diferentes origens receberam superpoderes, mas essas pessoas, ao contrário do que se esperava, tornaram-se vilãs. Após tomarem o controle das cidades, eles criaram uma nova realidade distópica, submetendo os humanos a uma vida de servidão. Isso aconteceu há dez anos, quando David viu seu pai ser morto por Coração de Aço. Agora, ele estuda as fraquezas dos supervilões, e quer ajudar o misterioso grupo Executores em sua ousada missão de matar os tiranos um a um.”

Super-heróis tem sido um tema com cada vez mais notoriedade na nossa cultura pop, o que tem alavancado de forma exponencial a indústria cinematográfica e de HQs de editoras como Marvel e DC. É difícil hoje em dia falarmos de cinema, desenhos e até jogos sem citar algo relacionado a essas figuras incríveis.
E em meio a toda essa onda de Batman, Homem-Aranha e Superman nos deparamos com Coração de Aço, escrito por um dos maiores nomes da fantasia atual, Brandon Sanderson, cujo tema principal gira em torno de super-heróis. Ou devo dizer, super...vilões (?).
Depois da Calamidade (um evento estranho caracterizado pelo aparecimento de uma estrela vermelha no céu), algumas pessoas receberam poderes especiais de diversos tipos. Contudo, ao invés do que estamos acostumados a ver, os Épicos (pessoas com superpoder) não viraram os super-heróis, pelo contrário, eles se tornaram vilões, super-vilões, passando a dominar as cidades e submetendo as pessoas comuns à servidão.

“A única coisa que você consegue ver lá em cima é Calamidade, que parece um pouco com uma estrela vermelha ou um cometa brilhante. Calamidade começou a brilhar um ano antes do início da transformação dos homens em Épicos. Ninguém sabe por que ou como ele ainda brilha na escuridão.”

Coração de Aço, publicado aqui no Brasil pela editora Aleph, nos conta a história de David que, aos oito anos de idade, presenciou a morte de seu pai nas mãos de Coração de Aço, um Épico invulnerável e dito ser um dos mais poderosos de todos.
Após transformar Chicago (agora renomeada de Nova Chicago) em aço e fazer com que um de seus subalternos – Punho da Noite– inundasse a cidade numa escuridão eterna, Coração de Aço passou a dominar toda a cidade. Épicos são livres para fara fazer o que quiserem com as pessoas comuns, e por conta disso boa parte da população vive agora em túneis subterrâneos chamados de sub-ruas.
Passando os próximos dez anos estudando os Épicos e suas fraquezas, e elaborando um jeito de derrotar aquele que assassinou seu pai, David acaba conhecendo o misterioso grupo Executores, cujo único objetivo é matar Épicos. Com esse encontro as chances de obter sua vingança se tornam cada vez mais possíveis pois David tem uma informação que ninguém mais tem. Ele viu Coração de Aço sangrar.

“Eu sei, melhor do que qualquer outra pessoa, que não há heróis vindo nos salvar. Não há Épicos bons. Nenhum deles nos protege. O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente.”

Sanderson criou um ambiente distópico e inusitado, que passa a ideia de “opressão” e uma ausência de esperança em super-heróis, seguindo a ideia de que “o poder corrompe”, e nos delicia com uma excelente história, com personagens divertidos e uma trama envolvente que foge do padrão. O autor atribui uma nova roupagem às tramas de super-heróis, porém sem perder a essência do gênero e de sua escrita característica.
Além disso o livro é narrado em primeira pessoa e é muito legal (e engraçado) ver os pensamentos de David ao longo da narrativa, principalmente em relação às suas tentativas frustradas em elaborar metáforas e sobre Megan, integrante dos Executores.
O grupo dos Executores é comandado por Prof, um homem muito respeitado e misterioso, e é composto por pessoas comuns que com a ajuda de ferramentas especializadas como jaquetas de proteção, luvas capazes de transformar metal em pó e armas de fogo, combatem os Épicos ao redor do mundo.
É interessante ver as teorias acerca das fraquezas de cada Épico e muitas vezes nos pegamos elaborando teorias junto com os personagens sobre possíveis estratégias de como derrotar os Épicos. As cenas de ação são estonteantes e andam em um bom ritmo, sendo muito fácil de imaginá-las nas telas do cinema.

“Você provavelmente já viu fotos de Coração de Aço, mas deixe-me dizer que fotos são completamente inadequadas. Nenhuma fotografia, nem vídeo ou pintura jamais poderia capturar aquele homem. Ele usava preto. Uma camiseta justa sobre um físico inumanamente largo e forte. Calça solta, mas não folgada. Não usava máscara, como alguns dos primeiros Épicos, mas uma capa prateada magnífica flutuava atrás dele.”

Maaaas... como não podia faltar em um livro de Brandon Sanderson, temos um final surpreendente e bem inesperado, mas incrivelmente satisfatório e sensacional com um plot twist daqueles de deixar sua boca aberta enquanto lê.
Vale lembrar que a série Executores não está inserida no universo Cosmere de autor.
Bom, fica aqui a dica de leitura da vez e lembrem-se...

Onde existem vilões, existirão heróis. Aguarde. Eles virão.


 Este post foi escrito por Fabio Otsuka.


Dez coisas que aprendi em dois anos de blog

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Hoje o Me Livrando completa dois anos de existência. Confesso a você que não imaginei chegar até aqui, mas estou orgulhosa de mim mesma e não tenho vontade de parar. Cometi muitos erros e acertos, especialmente em 2016, e decidi que seria uma ótima ocasião para compartilhá-los com você. Se você quer ter um blog, ou se já o tem, recomendo que leia essa postagem e leve em consideração cada uma das lições abaixo.
Antes de começar a ler os apontamentos, quero abrir um espacinho aqui para falar sobre o que é ter um blog literário. Se você quer criar um com o intuito de ganhar livros e ponto final, lamento informar que irá quebrar a cara. Se espera conquistar fama e dinheiro num piscar de olhos, também sinto muito por você. Blogar, especialmente falando de livros num universo dominado por booktubers, é se arriscar a quebrar a cara e entender que você pode se dedicar muito às postagens, mas ainda assim talvez só dez pessoas leiam. É aprender a lidar com os “cults”, que são aqueles leitores existentes em todos os nichos que se acham conhecedores-mor de tudo aquilo que você pretende falar. É ser julgado independentemente da escolha que você fizer, e ter só duas opções: ignorar ou retrucar (sendo que ao fazer esse último, talvez passe a ser mal visto pelas pessoas sérias do meio). Antes de entrar nessa, aprenda a aceitar críticas construtivas e prepare a si mesmo para lidar com indiretas e críticas ofensivas, porque se quiser ser visto e reconhecido, essas duas coisas chatíssimas andarão de mãos dadas. Infelizmente é assim.
Quem disse que blogar é fácil, certamente nunca conseguiu manter um espaço por mais de um ano. Caso contrário, se ajoelharia ao nosso lado pedindo por misericórdia ao universo. Vai por mim.


1. Planejamento é importante se você quiser ter um blog
Aí está um de meus maiores arrependimentos. Eu nunca me preocupei muito em planejar nada para o Me Livrando. O ano que passou foi uma prova disso. Em 2015, com a empolgação de voltar a ter um blog, o conteúdo que produzi era quase incessante, mas isso acabou me prejudicando na faculdade. Em 2016, optei por me dedicar mais ao meu curso – e em contrapartida não dei tanta atenção ao Me Livrando. Ou seja, em ambos os casos faltou planejamento. Você precisa ter um, é fato.
Conheço muita gente que opta por viver a vida e postar quando der vontade. Conheço outros que postam todos os dias, o que não deve ser visto como algo positivo. Vou explicar: postar de vez em quando, como por exemplo três vezes ao mês, fará com que você tenha muito menos alcance e ganhe muito menos leitores novos. Isso é ruim. Postar todos os dias, por outro lado, também não traz qualquer benefício: o post que você colocou no ar hoje será divulgado e cortará o alcance daquele que foi postado ontem. Ou seja, precisa haver equilíbrio. Planeje-se. Pesquise os melhores horários, os melhores dias para o seu público. Invista nos mais votados tanto para colocar postagens no ar quanto divulgá-las. Mas divulgue com sabedoria porque...

2. Divulgar em demasia é muito chato
Eu já fui chata com divulgação. Um dia precisei entrar na conta de minha mãe no Facebook e vi que no feed de notícias dela só dava minhas divulgações em mais de 50 grupos diferentes. Isso devia estar aparecendo/acontecendo com meus amigos também. Imaginei o quão chato deve ser. Aliás, se você for meu amigo no Facebook e se deparou com essa situação, peço desculpas. E se você for meu amigo e faz isso, recomendo que pare – é um modo bem eficaz de as pessoas bloquearem suas notificações no feed de notícias, eu provavelmente já devo ter feito isso.
Calma, há solução. Nós, blogueiros que não alcançamos a fama nacional (ainda :p), dependemos de divulgar em grupos dessa forma. É importante sim, desde que você saiba onde e como divulgar. Meu conselho é que crie um perfil exclusivo para divulgação, e nele não aceite absolutamente ninguém. Não divulgue em grupos voltados a blogueiros e blogs literários – a interação é extremamente baixa porque ali estão todos mais preocupados em olhar para o próprio umbigo.
Procure grupos literários com um número legal de participantes e uma taxa alta de interação. Seja visto não apenas divulgando seu material, mas interagindo com todo mundo também. Isso torna as pessoas mais suscetíveis a dar atenção e clicar em qualquer coisa que você quiser compartilhar com elas naquele meio. Não faça a divulgação "joguei o link e sumi". Promova uma discussão envolvendo o tema ou a obra em questão. No finalzinho, disponibilize o link para a postagem – preferencialmente encurtado no goo.gl ou bit.ly. Pronto. Você está fazendo uma divulgação consciente e nota dez.
Conselho adicional: não compartilhe diretamente da sua página nos grupos. É muito bizarro entrar em páginas de blogs e ver que o post teve cinco curtidas – e setenta e três compartilhamentos. Retira um pouquinho da credibilidade e parece que você não faz nada na vida além de compartilhar por aí.

3. Valorize seus leitores
Não importa se você conta todos os leitores que tem no dedo. Eles são importantes e você deve valorizá-los. Responda seus comentários e faça com que se sintam bem-vindos ao seu espaço. Não os ignore, não os deixe pra lá: você está fazendo isso por amor.
Se procura grande audiência, está no nicho errado. Dificilmente blogs literários fazem tanto sucesso – conheço alguns com conteúdo maravilhoso que estão por aí há anos e não decolaram. As pessoas perderam o interesse em ler resenhas, e se você está mesmo atrás de muitos fãs, a maior possibilidade de você consegui-los falando de livros é criar um canal no YouTube. Agora um blog escrito... Você até consegue uma boa audiência, como foi o caso do Me Livrando, mas se está esperando muitos comentários e inúmeras curtidas, é bom repensar. Por isso deve valorizar todos aqueles que receber – você mesmo não deve ser o tipo que comenta em tudo aquilo que lê e gosta, e se a pessoa tirou um pouco do seu tempo para deixar um comentário na sua postagem, ela realmente gostou do que leu.

4. Aceite que você não irá agradar todo mundo
Você nem imagina que um blog como o Me Livrando, que tem apenas dois anos de existência, tenha haters, mas é incrível como eles existem. As pessoas se incomodam com o sucesso, e eu tenho plena consciência de que meu blog atingiu bons números em pouco tempo. Fico orgulhosa? Claro que sim! Mas sei que isso não o torna melhor do que vários blogs espalhados por aí e menos vistos, mas com um conteúdo maravilhoso. Eu diria que foi tudo fruto do esforço e dedicação que tive com o MeL especialmente em 2015, além do apoio de amigos e do meu namorado. Conquistas atrás de conquistas que me ajudaram a entrar em 2017 com mais de 400 mil visualizações! Coisa linda se ver, viu? Tenho orgulho mesmo!
Contudo, isso acaba atraindo aquela galerinha amargurada que sempre está à espreita atrás de algo para criticar. Se você tem bons números, é só porque tem rostinho bonito. Se tem muitos comentários, é porque sai pedindo que todo mundo comente. Se você elogia livros ou a editora em si, é só porque tem parceria com ela. Se você faz resenhas muito negativas ou esmiuçadas, é só porque quer bancar o crítico especialista. Os julgamentos são infinitos quando você começa a incomodar as pessoas por qualquer motivo que seja. Minha dica é que ignore todos. Demorei a aprender a ignorar, mas depois que você faz isso, a vida fica uma maravilha e o estresse diminui. Meu conselho: nesses casos, use mais o botão “block” e seja feliz, porque aí está um pessoal que nunca irá deixar de criticá-lo, não importa o que você faça. Aceite isso e continue sendo quem você é.



5. Parcerias com editoras são legais, mas não são tudo
Aqui não vou me estender muito porque já fiz uma postagem específica sobre o assunto. É meio irônico que eu, que desde o primeiro ano fechei parceria com editoras, dê esse tipo de conselho – mas sério, parcerias não são tudo. Às vezes elas podem pressioná-lo demais e fazer as pessoas terem a falsa impressão de que sua opinião não tem credibilidade. Isso tudo porque realmente existe quem faça resenhas positivas mesmo odiando o livro só para não perder parceria... O que não é o meu caso e duvido muito que seja ou seria o seu também, leitor. Esse pré-julgamento, entretanto, sempre existirá quando você fechar suas parcerias.
Mas quem não ama receber livros, não é? Poder escolher os lançamentos da editora favorita e tê-los em sua casa antes de todo mundo? Não é um trabalho de graça, pois em troca você precisa resenhar e isso dá mais trabalho do que as pessoas imaginam, mas ainda assim é fantástico. Eu amo ter parcerias nesse quesito. Com aquelas que pressionam muito, preferi cancelar em 2017, mas em geral poder fechar com alguma editora ou mesmo autor é uma experiência bacana.
Atente-se ao fato de que você não passar nas seleções não significa nada. Não quer dizer que seu blog é menos interessante, feio ou irrelevante. Na verdade, muitas vezes ele pode nem ter sido analisado pela editora. Não vou dizer que todas fazem isso, mas é inegável que acontece entre algumas. Ou seja: continue com seu trabalho e torne seu foco a produção de conteúdo, não parcerias, e tudo valerá a pena.

6. Faça por amor
Se você fizer por amor, como eu já disse ali em cima, fará tudo valer a pena a partir do momento em que as pessoas notarem o seu amor pelo que faz. Comigo é assim. Se eu fico feliz quando uma editora fecha parceria com o Me Livrando, nem se compara a receber um elogio sincero de alguém que eu não conheço falando o quanto admira meu trabalho e vê que deposito nele todo o meu amor e carinho. Isso é gratificante e faz as horas de sono perdido para ficar em frente ao computador escrevendo algo valerem a pena. As críticas e ataques se tornam irrelevantes e me fazem pensar: “por que dar trela para esses comentários negativos se eu tenho todo esse amor aqui do outro lado?”.
Veja bem, não estou dizendo que você precisa ter inimizades e desavenças para ser blogueiro. Longe disso! Mas se tiver, não caia no mesmo erro de alguns famosos, que costumam ignorar elogios, mas estão sempre sedentos por responder críticas ofensivas. Não seja assim. Isso é colocar as pessoas que te acompanham e desejam seu sucesso para baixo em detrimento de quem quer vê-lo fracassar. Agora, se você não tiver inimizades, fique feliz. Seu espaço só atrai gente incrível, pessoas maravilhosas, e não há coisa melhor.

 7. Conte com seus leitores
Se você começa a tratar seus leitores como amigos/família, você poderá começar a contar com eles para tudo. É o meu caso. Tenho os melhores leitores que poderia pedir, e sempre que preciso de ajuda, seja onde for, eles estão lá por mim. Também puxam minha orelha quando acham necessário, comemoram comigo minhas conquistas e ficam ao meu lado até nos momentos ruins. Se eu estou sem inspiração, é só entrar no grupo e pedir ajuda para eles. Ou mesmo perguntar na página. Sempre dá certo! Além de alguns já terem aparecido por aqui compartilhando um conteúdo legal. Esses são meus amigos leitores e foi muito fácil torná-los assim. Faça isso e não se arrependerá! Mas minha outra dica é que você também...



8. Tenha amigos blogueiros
É a melhor coisa! Sério. Ter aqueles amigos com quem você pode contar e que entendem toda a sua situação. Eles irão compreender os seus bloqueios para criar postagens, irão ajudá-lo com novas ideias e te darão todo o apoio que só outro blogueiro sabe dar. Claro que no meio do pacote virão aquelas pessoas interesseiras, talvez apareçam alguns que irão decepcioná-lo no futuro, mas só com o tempo você aprenderá a separar o que é bom do que é tóxico. Enquanto você ainda não sabe, firme o maior número de amizades com blogueiros que conseguir. Vale a pena!

9. Cuidado com sorteios!
São ótimos? Sim. Mas não se vicie. Especialmente se você depender de outros. Foi o meu caso. Já me ferrei inúmeras vezes com gente que quis fechar parceria para sorteio mas não cumpriu o compromisso. Não é a pessoa que ficará malvista, e sim você. Por isso é bom pensar muito antes de fechar qualquer parceria com sorteio – só tope se a pessoa for confiável. Já tive vontade de desistir de fazer sorteios, e seriamente ainda penso nisso muitas vezes. Eu poderia continuar e só usar como prêmio aquilo que dependesse de mim, porém moro em Belém e o frete daqui para o resto do Brasil costuma ser uma coisa exorbitante. Se você tem sorte e mora mais para o Sudeste, aproveite. Livros bons de dez reais pipocam a todo momento na Amazon e são um modo legal de promover sorteios para “homenagear” ou agitar aqueles que acompanham você, além de ser um modo de conseguir mais leitores.
Porém, repito: não se vicie. Fazer muitos sorteios sucessivos pode parecer sinônimo de “fartura”, mas eu sinceramente vejo como desespero. Especialmente aqueles que obrigam o leitor a curtir a página. Além de o Facebook tecnicamente proibir, seus números crescem exponencialmente e você se empolga, mas não percebe que a maioria será de leitores fantasmas que não acompanharão de verdade o seu trabalho. Isso não é bacana. Do que adianta tantos números e tão pouca interação? 

10. Seja sempre sincero
Sinceridade é tudo. Cultive-a. Se você começar a mentir sobre o que leu, as pessoas irão perceber em algum momento. Minha mãe ama dizer que mentira tem pernas curtas e eu acredito piamente nela. Se incumbir a você a avaliação de algum livro ou outro produto, seja sincero. Não importa se você tenha sido pago para opinar, ou recebido de graça: não engane seus leitores, essa provavelmente é a pior traição contra quem acompanha seu trabalho.
Deixem-me contar uma experiência ruim: sou parceira da DarkSide Books e em 2015 recebi a notícia de que publicariam Os Senhores dos Dinossauros. Fiquei animada por conta da comparação e indicação do próprio George R. R. Martin. Fiz hype em cima mesmo, admito! Entrevistei o autor, Victor Milán, que provavelmente é o escritor mais gentil que já conheci na vida. Então, meses depois, o livro chegou em minhas mãos. Li... E não suportei. Que outra opção eu tinha senão a sinceridade? Entrevistara o autor, a editora era minha parceira, alardeara sobre o livro em todo o Facebook... Mas precisei fazer essa resenha, precisei ser sincera. Mais que um dever, uma obrigação. Eu precisava me redimir com os leitores porque eles mereceram uma retratação. Escolhi a sinceridade


E quanto a você? Tem um conselho legal para deixar? Também tem blog? O que aprendeu com ele desde que o criou? Compartilha comigo. Estou bem curiosa pra saber.

Os comentários de nossas postagens antigas não estão aparecendo por algum problema com o Disqus. Estamos trabalhando o mais rápido possível para recuperá-los.


Resenha || Gardens of The Moon de Steven Erikson

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  Título da Série: The Malazan Book of the Fallen
  Título do Livro: Gardens of The Moon (livro 1)
  Autor: Steven Erikson
  Editora: Tor Books
  Páginas: 494
  Ano de Publicação: 2009
  Onde Comprar: Amazon || Compre aqui e ajude o MeL
  Recomendo também: Resenha do INtocados e do Dragonmountbooks

Sinopse “The Malazan Empire simmers with discontent, bled dry by interminable warfare, bitter infighting, and bloody confrontations. Even the imperial legions, long inured to the bloodshed, yearn for some respite. Yet Empress Laseen's rule remains absolute, enforced by her dread Claw assassins.
For Sergeant Whiskeyjack and his squad of Bridgeburners, and for Tattersail, surviving cadre mage of the Second Legion, the aftermath of the siege of Pale should have been a time to mourn the many dead. But Darujhistan, last of the Free Cities of Genabackis, yet holds out. It is to this ancient citadel that Laseen turns her predatory gaze.
But it would appear that the Empire is not alone in this great game. Sinister, shadowbound forces are gathering as the gods themselves prepare to play their hand.....”


Com uma lista enorme de títulos de fantasia espalhados pelo mundo, poucos nomes conseguem alcançar o que Steven Erikson e Ian C. Esslemont criaram. Um plano ambicioso, difícil, mas compensador. Juntos os dois arqueólogos criaram um mundo inteiro e enorme com diversas culturas e milhares e milhares de anos de história. Diversas raças e um sistema de magia tão complexo que lendo o primeiro livro ainda não somos capazes de compreender sua natureza por completo (mas que mesmo assim nos fascina com sua genialidade). Certamente a série dos livros de Malazan levaram a denominação de “épico” a um outro patamar.

“Ganoes and the commander returned their attention to the riot in the Mouse. Flames were visible, climbing through the smoke. ‘One day I”ll be a soldier,’ Ganoes said. The man grunted. ‘Only if you fail at all else, son. Taking up the sword is the last act of desperate men, Mark my words and find yourself a more worthy dream.’ [...] ´The world,’ Ganoes said, ‘doesn’t need another wine Merchant.”
*Whiskeyjack e Ganoes Paran (doze anos) olhando para Mouse Quarter da Malaz City. Trecho retirado do prólogo do livro.

Gardens of the Moon (Jardins da Lua), que será publicado no Brasil pela Editora Arqueiro, é o primeiro livro de uma série de dez livros (isso mesmo, DEZ LIVROS!) escritos pelo autor Steven Erikson. O livro se inicia logo após o assassinato do Imperador Kellanved e de Dancer (seu guarda-costas) e a ascensão de Surly (comandante dos Claw, um grupo de assassinos do Império Malazano) ao poder que agora adotou o nome de Laseen. O Império Malazano, junto com seus aliados (os Moranth) busca agora conquistar as duas últimas Cidades Livres de Genabackis, Pale e Darujhistan.
Pale está em cerco há três anos protegida por uma muralha de pedras que se estendem tão profundamente que até mesmo com magia é difícil encontrar sua profundidade. Além disso temos uma fortaleza voadora (Moon’s Spawn) comandada por Anomander Rake, líder dos Tiste Andii, que protege a cidade. E enquanto isso o grupo de sapadores, os Bridgeburners, passaram os três anos minando os muros da cidade.
Tayschrenn (um mago supremo do Império) chega para liderar um ataque contra Moon’s Spawn e temos uma das cenas de luta mais incríveis que eu já li até o momento. O resultado é a morte de muitos. Os Bridgeburners agora foram reduzidos a apenas um pequeno grupo, suspeitando que existe alguém do Império que os quer mortos.
Temos também o Capitão Ganoes Paran (que foi enviado para comandar os Bridgeburners) que chega à Pale logo após o ataque e se vê em algo muito maior do que ele imaginou. Tattersail (uma feiticeira que sobreviveu à luta) forma uma aliança com os sobreviventes do nono esquadrão dos Bridgeburners (liderados por Whiskeyjack) que agora foram enviados para Darujhistan em uma missão suicida. Dois Ascendentes, Ammanas (Shadowthorne) e Cotillion (The Rope) que planejam a morte da Imperadora...

“On his dark grey shoulder-cloak was a silver brooch: a bridge of stone, lit by ruby flames. A Bridgeburner.” 
*Broche dos Bridgeburners. Trecho retirado do prólogo.

Muita informação? Sim, é MUITA informação, se você estava procurando por um livro para relaxar e descontrair, então é melhor procurar um outro. O livro não é de fácil leitura, sendo necessária atenção nos detalhes para compreender o que está acontecendo. Isso acontece porque o autor não se dá ao trabalho de nos explicar nada, deixando uma sensação de que pulamos um pedaço do livro e começamos a ler a partir do meio. E tudo isso fica mais evidente com os personagens que também não tem ideia do que está acontecendo.
Mas acredite, ao fim do livro muita coisa começará a se encaixar, respondendo algumas de nossas dúvidas (mas ao mesmo tempo criando outras hahaha). Trechos que não demos tanta importância antes começam a fazer sentido e ao fim do livro só pude falar “UAU!”.
O sistema de magia (os Warrens), apesar de confuso a uma primeira lida, é muito interessante e bem desenvolvido, porém o autor também não nos dá uma explicação exata de como ela funciona. O que me chamou atenção é que qualquer um pode usar magia, claro que existem aqueles que possuem uma maior afinidade a um determinado Warren, mas em teoria qualquer um pode usar magia. E isso causa uma série de efeitos sobre a sociedade.

Diagrama de como os Warren se relacionam.

A narrativa é feita em terceira pessoa e se dá por pontos de vistas, e devo dizer que são muitos e eles se alternam com bastante frequência sendo que tem vezes que o ponto de vista é trocado e não percebemos. Além disso o autor gosta de inserir pensamentos de seus personagens no meio da narrativa.
Quanto aos personagens, alguns são bem desenvolvidos, com suas características e ações que nos fazem ama-los e/ou odiá-los de modo que nos encontramos torcendo para que os dois lados obtenham sucesso. Outros permanecem um mistério para nós e não temos uma ideia de suas intenções, ficando apenas especulações que criamos a partir dos pontos de vistas de personagens do livro. A morte é bem recorrente no livro também (para aqueles que sofrem com George Martin sugiro se preparar emocionalmente para Steven Erikson).


“Anomander Rakes’s skin was jet-black, [...], but his mane flowed silver. He stood close to seven feet tall. His features were sharp, as it cut from onyx, a slight upward tilt to the large vertical-pupiled eyes.
A two-handed sword was straped to Rake’s broad back, its silver dragonskull pommel and archaic crosshilt jutting from a wooden scabbard fully six and a half feet long. From the weapom bled power, staining the air like black ink in a pool of water.”

É uma leitura difícil e que certamente não agradará a todos de primeira. Mas insisto que deem uma chance e leiam até o fim pois serão recompensados com uma história incrível e genial, sendo apresentados a um mundo abrangente e original com magias, dragões, deuses insanos, ascendentes e tragédias (muitas tragédias).
Felizmente a Editora Arqueiro estará trazendo para o Brasil ainda neste ano, traduzido pela Carol Chiovattto!
Fica aqui a dica de leitura da vez.


 Este post foi escrito por Fabio Otsuka.



Resenha || Ultra Carnem de Cesar Bravo

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  Título do Livro: Ultra Carnem
  Autor: Cesar Bravo
  Editora/Tradução: DarkSide Books
  Páginas: 384
  Ano de Publicação: 2016
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva || Livraria Cultura || Compre aqui e ajude o MeL
  Livro cedido em parceria com a editora.
  
Sinopse Ultra Carnem expande em muito a mitologia criada por Cesar Bravo, dando detalhes assustadores sobre a infância e a obra maldita de Wladimir Lester, o estranho menino pintor. Além disso, o autor mostra até onde vai a fome de um homem desesperado pela fama ou por uma vida mais digna por direito. A caminhada segue sem pudores expondo a fragilidade de cada um de nós. Por fim, o leitor fica com a sensação de que nós, humanos, não devemos bancar o esperto. E que não existe a possibilidade de enganarmos o céu e o inferno.

Ultra Carnem foi uma das minhas últimas leituras de 2016. Uma obra que despretensiosamente acaba por conquistá-lo. Primeiro através de um garotinho, a quem você se apega e sente pena, até que chega ao final com um conto que deixa a gente sedento por mais.
Todas as histórias, embora diferentes, são interligadas, de modo que para entender e se situar melhor nos acontecimentos, você deve ter lido o conto anterior. Os protagonistas são Wladimir Lester, Nôa, Marcos Cantão e Lucrécia, além do próprio Lúcifer. Todos residem em Três Rios e pouca coisa têm em comum, senão o fato de terem topado com o profano e o obscuro em algum momento de suas vidas.


Wladimir Lester é quem dá início a tudo – sua existência e suas ações são cruciais para o desenrolar do enredo de cada conto. Ele, um garoto cigano, é levado à porta do casarão onde Dom Giordano acolhia crianças órfãs. A senhora que o acompanha diz que ninguém de seu grupo o quer por perto, e se o padre não o aceitasse, provavelmente seria assassinado. Tudo o que nós, leitores, vemos, é uma criança rejeitada com um passado sombrio e um verdadeiro apreço pelo tubinho de tinta que carrega na mão fechada. O pavor dos ciganos em relação ao pequeno Lester é totalmente justificado, mas isso descobrimos depois. Tudo o que posso dizer é que o preço a ser pago no final do conto é alto demais para todos os envolvidos.
“– Onde posso encontrá-la? Caso aconteça alguma coisa com o menino... Ou pode me dar o endereço dos pais verdadeiros, se não se importar em dizer.
– Você não me encontra. A mim ou ao meu povo. Meus pais também estão longe dessa cidade, no lugar onde o menino os colocou. – Ela já estava virando a maçaneta, apressada em seguir seu caminho.
– Por favor, me diga onde estão!

Iolanda parou de caminhar. Olhou para o teto do casarão e disse, ainda de costas:

– No Inferno, padre. No Inferno.”


A partir daqui, há um imenso salto temporal em relação às histórias posteriores. A primeira parte, Abandonado, passa-se num tempo em que “bestas movidas a gasolina começavam a aparecer e causar os primeiros acidentes, enquanto substituíam as velhas carroças enferrujadas que circulavam pelo centro”. Já as partes seguintes são contemporâneas, pois você vislumbra referências ao que conhecemos o tempo todo, inclusive, por exemplo, ao bater de panelas no Brasil em 2015.
“Na disputa entre o céu e o inferno, nós somos o prato principal.”

O próximo conto, Gênesis, nos apresenta Nôa, um pintor fracassado que deseja apenas viver de sua maior paixão – a pintura. Porém, sua vida segue de mal a pior e a esperança surge apenas quando ele furta um diário de uma loja de antiguidades. Supostamente pertencente a um parente distante de Wladimir Lester, a lenda de Três Rios, Nôa encontra no livro relatos do poder do garoto, incluindo seu tubinho de tinta milagroso. Essa, então, passa a ser a via crucis do pintor: encontrar aquela tinta, pintar quadros incríveis e ficar famoso pelo resto da vida, além de encontrar os quadros originais de Lester, que possuem um valor inestimável. Assim, seguindo as pistas e menções do diário, além de receber ajuda de um parceiro improvável, Nôa acaba encontrando o que tanto buscava – embora com certeza tenha se arrependido no final. O pintor, assim como o próprio Wladimir Lester, é a representação pura da cobiça e da ambição, e não se importa em tirar do caminho todos aqueles que o impedirem de chegar ao seu objetivo final.
Você nunca encontra o que procura. O tempo come tudo, Nôa. Roupas, valores, devora inclusive a esperança de nos entendermos com o passado. O que aconteceu com o tal menino e com as outras pessoas desse livro é algo que não pertence a nós. E você não precisa me dizer o que o trouxe aqui. Chamo isso de ganância, também de ilusão e de irresponsabilidade. Estamos na era das luzes, filho. Não existe mais espaço no mundo para o obscurantismo.



O Pagamento é o terceiro conto e é protagonizado por Marcos Cantão. Toda a história é narrada da perspectiva dele, e acho no mínimo equivocadas as críticas suscitadas em relação a Cesar Bravo, que foi apontado como misógino. Veja bem: Marcos é um homem miserável, que talvez só se torne menos terrível por conta do belo sentimento que nutre em relação ao filho especial. Ele é técnico de informática e o pouco dinheiro que ganha mal é capaz de sustentar a família e os remédios de seu garoto. Marcos está infeliz e insatisfeito, tão amargurado com a vida que seus pensamentos se resumem a maldizer a esposa, chamando-a de gorda e imunda, transar com a filha de um dos clientes, que classifica como gostosona, e passar a perna em quantas pessoas puder... Seus pensamentos são bem condizentes com o tipo de homem quem é, e não acredito que culpar o autor pela conduta coerente do personagem seja justo. Enfim, Marcos é chamado para um serviço na loja O Estranho e o Mágico: Produtos Raros, da dona Sofia, e se depara com a estátua da Ciganinha, que fez sua primeira aparição com Wladimir Lester e lhe era querida acima de tudo. Será que adiantaria fazer um pedido à figura, como dona Sofia o estava instigando a fazer? Marcos decide arriscar e tudo muda, e sua vida de repente é como sempre sonhou. O que ele não sabe – ou finge não saber –, porém, é que nada é de graça.
Temos o quarto conto, O Inferno, cuja protagonista é uma garçonete desgraçada na vida chamada Lucrécia. Sem querer, ela acaba ouvindo a conversa do próprio Lúcifer e seus asseclas dentro do estabelecimento onde trabalha. Eles descobrem-na ouvindo e oferecem duas opções: pode ser morta ou aceitar trabalhar com eles. É provavelmente o melhor conto de todos, pois explora toda a concepção de inferno para Cesar Bravo nesse seu mundo fictício. O último conto, Os Três Reinos, é tão interessante quanto O Inferno, sendo uma espécie de continuação do terceiro. Ele reúne todos os protagonistas anteriores, atribuindo papéis a cada um deles, e você de repente vê que se encaixaram bem no Inferno, como se tivessem nascido para estar ali.
O final do livro como um todo nos apresenta uma Lucrécia bem desenvolvida e que assume as rédeas da própria vida – ou seria desvida? Porque morta ela não está, mas se tornou uma peça importante para o Inferno em sua missão de arrebanhar cada vez mais almas.


A narração de Cesar Bravoé muito boa. Ele descreve o que precisa ser descrito, mas não se perde em detalhes desnecessários. Coloca no livro o que você precisa saber – e até algumas coisas que você não precisaria, mas acabam sendo interessantes. Talvez peque no excesso de diálogos, mas isso não maculou a obra de modo geral. Eu não sei se foi por conta da época em que li o livro (período de provas finais), mas demorei demais para finalizá-lo e num momento confesso que me senti “cansada”. Foi só iniciar a leitura do segundo conto que tudo mudou. Em O Pagamento, temos toda uma pegada gore e o pior lado do ser humano sendo exibido, aquele que pessoas perversas assumem quando há a certeza de que ninguém está olhando. Já em O Inferno e Os Três Reinos, temos a premissa do que poderia ser uma incrível saga de tirar o fôlego. Eu ficaria mais do que contente em ler uma série de livros em que Lucrécia fosse a protagonista e mostrasse todo o seu trabalho no submundo, além de conhecer melhor esse Inferno proposto por Bravo. Ele misturou de tudo um pouco: além das referências cristãs, há também um pouco de Dante e até da mitologia greco-romana. Achei isso demais. Gosto de todos isoladamente, mas não imaginava que combinados poderiam dar origem a algo tão interessante.
Enfim, Ultra Carnem não é um livro que irá deixá-lo sem sono por medo – talvez o deixe sem sono porque você, a partir de Marcos Cantão, não conseguirá largar as páginas. Recomendo para quem gosta desse tipo de literatura, mas não posso confirmar se leitores que não estão acostumados gostarão logo de cara. Eu, por exemplo, não estou acostumada – mas já fui fisgada por conta do sangue, da dor, da morte. São curiosidades inatas aos humanos, certo? Então posso dizer que você deve tentar ler. E correr para me contar o que achou da experiência depois.

Ouça a playlist do livro!



Eu tive uma discussão com um cara uma vez. E ele me disse que eu não poderia vencê-lo em uma disputa justa. Bom… Tudo se resume a isso. Ele sequestra pelo amor e eu pelo favor; a dor, nós dois usamos. E olha que eu vinha ganhando fácil há muito tempo, mas essa porcaria de internet… Mulher, isso acabou comigo. Agora todo mundo conhece tudo, lê tudo e desacredita em tudo. Nem eu ou Ele – apontou para cima – valemos muita coisa se não acreditarem em nós. Talvez precisamos rever todo esse nosso negócio, mas quer saber? Eu ainda pretendo ganhar essa aposta… E quando ganhar, vou provar quem é quem no mundo.




Resenha || O Último Reino - wyrd bið ful ãræd

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  Título da Série: As Crônicas Saxônicas
  Título do Livro: O Último Reino (1º livro)
  Autor: Bernard Cornwell
  Editora/Tradução: Record/Alves Calado
  Páginas: 362
  Ano de Publicação: 2012
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva || Cultura || Compre aqui e ajude o MeL
  Recomendo também: Desbravando Livros || INtocados

Sinopse “O Último Reino é o primeiro romance de uma série que contará a história de Alfredo, o Grande, e seus descendentes. Aqui, Cornwell reconstrói a saga do monarca que livrou o território britânico da fúria dos vikings. Pelos olhos do órfão Uthred, que aos 9 anos se tornou escravo dos guerreiros no norte, surge uma história de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado. Nascido na aristocracia da Nortúmbria no século IX, Uthred é capturado e adotado por um dinamarquês. Nas gélidas planícies do norte, ele aprende o modo de vida viking. No entanto, seu destino está indissoluvelmente ligado a Alfred, rei de Wessex, e às lutas entre ingleses e dinamarqueses e entre cristãos e pagãos.” 
No, no we can't let them take anymore
No we can't let them take anymore
We've the land of the free
Iron Maiden - The Clansman

As Crônicas Saxônicas se passam durante as invasões dinamarquesas aos territórios da Nortúmbria, Mércia, Ânglia Oriental e Wessex, que seriam uma espécie de pré-Inglaterra. O título do livro refere-se justamente ao último reino a ficar de pé – e a influência que os protagonistas têm para que isso aconteça. Abarca toda a primeira fase do amadurecimento de Uhtred, e também mostra as tentativas frustradas de invasão à Wessex, mais especificamente a Batalha de Readingum.
A nossa história começa com Osfert. Criança franzina, filho de um grande senhor – de um earldoman, para ser mais precisa. Começa com Osfert e continua com Uhtred, que embora pareça ser, não é o verdadeiro protagonista da saga. Porque, conforme Bernard Cornwell nos informa em sua Nota História, As Crônicas Saxônicas se dedica a mostrar a jornada de Alfredo, O Grande, e o motivo de ele ter ganhado o merecido título. Utilizando fatos históricos, Cornwell encaixa o pagão e enviesado Uhtred de Bebbanburg, e deixa tudo tão absolutamente crível que você não duvidaria se alguém dissesse que o personagem de fato existiu. Como Rose e Jack em Titanic, sabe? Os dois nunca estiveram ali, mas a história é contada de modo tão convincente que você provavelmente deve ter pensado, em algum momento da sua vida, que realmente existiu aquele casal no meio da tragédia.


Como assim eles não existiram?!

É interessante traçar um paralelo entre Osfert e Uhtred. Ambas são a mesma pessoa, mas ao mesmo tempo não são. Osfert é filho de um earldoman, criado e educado por um padre, que não tinha muitas ambições na vida e defendia o rei da época, em seu coração de criança, pelo simples fato de possuírem o mesmo nome. Mas ainda em Osfert, vislumbramos um pouco do que Uhtred viria a ser, porque mesmo que fosse educado rigidamente dentro do Cristianismo que acabara de se estabelecer entre os saxões, o garoto nutria grande admiração pelos deuses antigos cultuados por seu povo, como Tor/Thor e Woden/Odin, e era com prazer que escutava as estórias narradas por Ealdwulf, o ferreiro, que secretamente se mantinha como pagão.


“Mesmo com nove anos eu entendia que um bom cristão não deveria alardear que fora gerado por um deus pagão, mas também gostava da ideia de ser descendente de um deus, e Ealdwulf costumava me contar histórias de Woden (...) Eu gostava daquelas histórias. Eram melhores do que as da minha madrasta, sobre os milagres de Cuthbert. Parecia que os cristãos viviam se lamuriando, e eu não achava que os seguidores de Woden chorassem muito.”


Comparação entre Santo Cuthbert e Thor. A escolha de Uhtred é compreensível.

Se Osfert era uma criança sem muita liberdade e com o coração reprimido, inclusive sendo constantemente rechaçado pelo próprio pai por não possuir o perfil de um senhor ou mesmo guerreiro, você nunca imaginaria que se tornaria alguém como Uhtred. E tudo isso graças a Ragnar Ravnsson. Eu poderia dizer que Ragnar começou a moldar nosso pretenso protagonista a partir do momento em que o capturou, mas vejo que foi muito antes disso: tudo mudou quando o chefe dinamarquês matou o irmão de Osfert, que se chamava Uhtred, e por consequência Osfert foi batizado novamente e teve o nome trocado para Uhtred, pois era costume de sua família que esse fosse o nome do primogênito. Matando o irmão de Osfert, Ragnar tornou-o Uhtred. Por ter passado a ser o filho mais velho do earldomann de Bebbanburg, Uhtred foi obrigado a acompanhar o pai no ataque nortumbriano aos dinamarqueses de Ragnar, e nesse acontecimento que o garoto foi capturado pelos pagãos.
A liberdade de ser Uhtred nem se compara com a prisão em ser Osfert. Em meio aos dinamarqueses, o garoto caiu nas graças não apenas do mais querido entre os chefes (ou jarls), mas encontrou tudo aquilo que poderia sonhar: sentia-se amado e parte de uma família, era incentivado à violência e cresceu em meio a um ambiente que o forjou para que se tornasse um homem de verdade, um dinamarquês saxão, por assim dizer. Pôde cultuar os deuses nórdicos, conforme seu coração infantil sempre ansiou, e assim se manteve por toda a sua vida. Aprendeu a lutar com espadas, a encarar os próprios medos, e foi numa briga entre crianças com o filho de um chefe de navios que demonstrou resquícios do que viria a ser futuramente. Obstinado e sem abaixar a cabeça, Uhtred foi criado de modo que não havia outro caminho a trilhar, senão ser um grande guerreiro.
“Portanto eu era escravo de novo. E feliz. Algumas vezes, quando conto minha história, as pessoas perguntam por que não fugi dos pagãos, por que não escapei para o sul, entrando nas terras que os dinamarqueses ainda não dominavam, mas nunca me ocorreu tentar. Eu estava feliz, estava vivo, estava com Ragnar e isso bastava.”




Mas, claro, o destino é inexorável. A vida parecia perfeita demais, até que tudo o que conhecia lhe foi arrancado, restando apenas a companhia de uma amiga e amante – Brida, saxã que também fora capturada e crescera com Uhtred em meio à família do jarl Ragnar. Eu fico pensando que, apesar de triste, as coisas deveriam ter acontecido exatamente daquele modo. Caso contrário, talvez Uhtred tivesse se acomodado no mesmo lugar e não viveria nem metade de todas as aventuras que temos para acompanhar.
Ah, e eu não poderia deixar de mencionar aqui o que move Uhtred: a vingança. Pois quando seu pai morreu, Bebbanburg se tornou sua por direito, sendo ele o primogênito do earldoman. Mas seu tio,Ælfric, roubou a posse da fortaleza para si, e é o desejo de recuperá-la que faz com que Uhtred siga adiante. É como se ele estivesse seguindo um caminho para esse fim, mas um caminho tortuoso, uma espécie de labirinto, cheio de reviravoltas e desgraças que o mantém cada vez mais distante do objetivo. Assim Uhtred leva a vida, e no primeiro livro ainda o vemos bastante cru, de modo que ele age muito mais do que pensa, mas é muito interessante acompanhar todo o processo de amadurecimento do personagem. Você descobre que há uma grande diferença entre ser um guerreiro feroz e um líder de guerreiros lendário.

“Para a frente agora. Para a frente, à carnificina. Cuidado com o homem que ama a batalha. Ravn tinha me dito que só um homem em cada três, ou talvez um em cada quatro, é um guerreiro de verdade. O resto são lutadores relutantes, mas eu aprenderia que só um homem em cada vinte ama a batalha. Esses são os mais perigosos, os mais hábeis, que estripavam as almas e os que deviam ser temidos. Eu era um deles.”

Em O Último Reino, Uhtred ainda está caminhando para se tornar um guerreiro feroz. Aqui ele assume em parte da trama o lado dos dinamarqueses pagãos, mas você acompanhará sua história ao longo dos livros e verá o quanto o destino realmente é inexorável. Embora seja muito senhor de si, Uhtred é facilmente colocado em ardis, de modo que eu não estaria mentindo se dissesse que ele é o que menos controla a própria vida. O paganismo certamente influencia nisso, da mesma forma que o Cristianismo influenciaria, porque Uhtred aceita as coisas com mais facilidade, sempre acreditando que está sendo daquele jeito porque as Norns/Nornas, as fiandeiras sob a Yggdrasil, querem que assim o seja. Ele não luta contra o wyrd (seu destino), mas simplesmente se deixa levar. Isso o torna humano, de modo que sua vida não é um completo fracasso, mas também está longe de ser um sucesso estrondoso. É apenas uma vida e ponto final.



“Ravn me dizia repetidamente que o destino era tudo. O destino governa. As três fiandeiras sentam-se ao pé da árvore da vida e fazem nossa vida. E nós somos seus joguetes, e mesmo achando que fazemos escolhas, todo o nosso destino está no fio das fiandeiras. O destino é tudo, e naquele dia, mesmo eu não sabendo, meu destino foi fiado. Wyrd bið ful ãræd, é impossível impedir o destino.”

Muito interessante, aliás, os momentos em que Uhtred se depara com a realidade. Ele desromantiza pequenas coisas, então você também passa por esse processo. A guerra não é magnífica, os guerreiros não são heróis. Ter ferocidade não é desculpa para crueldade arbitrária em meio à batalha – e aqui falo da crueldade que é para um pagão morrer sem estar segurando uma arma. Ao seu modo, Uhtred é honrado e vê honra em matar um inimigo que lutou com ferocidade. No fim das contas, os lados opostos de um exército são apenas homens que o destino quis que lutassem por senhores diferentes. Poderiam ser homens bebendo numa taverna, poderiam ser homens compartilhando histórias ao redor de uma fogueira, poderiam ser irmãos. Uhtred não os odeia – com poucas exceções – e tudo o que faz é o seu trabalho. Tem de matá-los? Tudo bem. Mas sempre pensa que espera encontrá-los na outra vida, no Valhalla, onde conversarão sobre tudo, inclusive sobre qual foi a falha que possibilitou que Uhtred os matasse... Não é incomum você ver o próprio Uhtred colocando uma espada ou machado às mãos de um inimigo moribundo. Seu maior medo, inclusive, não é a morte, mas a morte desonrada, longe do campo de batalha e com as mãos vazias.

“Quando falam de guerra, os poetas citam a parede de escudos, falam das lanças e flechas voando, da lâmina batendo em escudo, dos heróis que caem e dos espólios vitoriosos, mas eu descobriria que a guerra tem a ver com comida. Alimentar homens e cavalos. Encontrar comida. O exército que come vence. E se você mantém cavalos numa fortaleza, a guerra tem a ver com tirar esterco.” 



Quem é, enfim, Uhtred de Bebbanburg, ora apresentado como Uhtred Ragnarson, desde que Ragnar o reconheceu como filho? Uhtred é o jarl Ragnar. É Ubba, Ivar e Odda Lothbrokson. É o skald Ravn, é Ragnar, Rorik e Thyra Ragnarson, é Brida, Kjartan e – por que não? –, Sven, O Caolho. É Alfredo, Leofric, Ealdwulf, Guthrum, Willibald, até mesmo Beocca e seu tio usurpador Ælfric. Enfim, Uhtred é todos aqueles que admirou e todos aqueles a quem odiou, porque tirou uma lição de cada pessoa que apareceu em sua frente e, assim, forjou a própria personalidade. E, apesar de o tempo todo Uhtred mencionar as três fiandeiras, para mim não houve melhor profetizador do destino do que Ealdwulf, o ferreiro de Bebbanburg que depois acompanhou Uhtred e se estabeleceu entre os dinamarqueses de Ragnar, mas que ainda assim conservou sua lealdade aos saxões: 
“É uma ferramenta, senhor – disse ele. – Apenas uma ferramenta. Algo para tornar seu trabalho mais fácil, e não é melhor do que um martelo. – Em seguida ergueu a lâmina para captar a luz do sol. – E um dia – continuou inclinando-se para mim – o senhor matará dinamarqueses com ela.”


A narração de Bernard Cornwell 
Ah, a narração de Cornwell. Ele descreve com frequência o júbilo da batalha que assume Uhtred, quando o mundo todo fica em câmera lenta e ele sente tudo o que ocorre, cada estocada e cada mandíbula que quebra com o escudo, numa explosão de prazer. Poderia descrever o momento em que lemos Cornwell como ojúbilo da leitura, então. A canção do livro, talvez? Porque enquanto eu estava com O Último Reino em mãos, o mundo ao meu redor desacelerava até desvanecer completamente. Eu já não estava aqui, mas sim dentro da narrativa, desviando de casco de cavalos, fugindo de espadas, vendo um dinamarquês com dentes podres gritar em meu rosto, sentindo o bafo de hidromel azedo. A descrição de batalha que Cornwell nos traz é um verdadeiro júbilo. Nesses momentos, o livro abraça você como os guerreiros de paredes de escudos opostas se encontrando – abraços de amantes, como diz Uhtred, em que você não tem muita opção senão manter-se bem próximo ao livro enquanto absorve cada gota da maestria de Bernard Cornwell.




“O júbilo! O júbilo da espada. Eu estava dançando de júbilo, a alegria fervilhando dentro de mim, o júbilo da batalha do qual Ragnar falava com tanta frequência, o júbilo do guerreiro. Se um homem não o conheceu não é homem. Aquela não era uma batalha, não era uma carnificina propriamente dita, apenas uma matança de ladrões, mas foi minha primeira luta e os deuses tinham se movido dentro de mim, tinham dado velocidade ao meu braço e força ao escudo, e quando terminou, e quando dancei no sangue dos mortos, soube que eu era bom. Soube que eu era mais do que bom. Naquele momento poderia ter conquistado o mundo. (...)”


Mas, claro, o autor não se trata apenas de narração. Ele nos apresenta fatos históricos e batalhas que realmente ocorreram, nos coloca diante de personalidades que existiram e marcaram a história inglesa, tudo sob o ponto de vista de Uhtred. Além disso, você aprende sobre costumes dos dinamarqueses, desmitifica muita coisa em relação a eles, e ainda tem aquelas lições mais secundárias: como forjar uma espada, como lutar em uma parede de escudos, porque espadas longas nesse tipo de combate não são ideais, as partes que compõem um navio, aprende sobre a hierarquia tanto entre os pagãos quanto entre os saxões... Além de entender um pouco da formação da Inglaterra, e como era antes de existir a Inglaterra em si. 
Você vê o papel que as mulheres possuíam à época, e se depara com a crueldade de viver em período de guerra.Cenas como estupro, por exemplo, são muito comuns, mas de forma alguma desnecessárias, porque estão ali para retratar fielmente a época. Porém, felizmente as personagens feminas não estão ali apenas para isso: há mulheres com certa importância na trama, como Brida, saxã com alma dinamarquesa, que cresce sendo tão “rebelde” quanto a cultura permite. Thyra, filha de Ragnar, por outro lado, é mais submissa e aceita o seu papel dentro daquele mundo com satisfação, mas fique atenta à personagem. Não existem muitas outras mulheres dignas de nota, para ser sincera, mas isso é esperado levando em consideração a época em que o livro se passa e o momento que os personagens vivem. Mais mulheres aparecerão nos próximos livros, e eu ainda estou no sexto, mas posso dizer que pelo menos uma delas tem extrema importância no desenrolar dos fatos – e será quem você menos espera, acredite em mim.


Como o próprio Cornwell esclarece, a maioria dos fatos narrados no livro se manteve fiel à realidade. A personalidade do Rei Alfredo, por exemplo, foi estabelecida segundo uma série de árduas pesquisas para definir quem o monarca era enquanto governador e enquanto ser humano – embora você dificilmente consiga diferenciar ambas as facetas a partir do momento em que ele assume o poder. O Último Reino, bem como todas as Saxônicas, são uma aula de história à parte que eu adoraria ter lido na época de escola. É tudo aquilo que a gente aprendeu, mas narrado de um modo tão interessante que em menos de um mês eu já li os seis livros que tenho na estante.
Enfim, se há um arrependimento que tenho na vida, é não ter lido As Crônicas Saxônicas antes. Cansei de ver pessoas recomendando O Nome do Vento para fãs de As Crônicas de Gelo e Fogo e acho isso totalmente errado porque as obras têm ritmos muito diferentes e não possuem quase nada em comum. É diferente com as Saxônicas. Se você ama Martin, irá amar Cornwell. O que não encontrará aqui será a fantasia explícita e as tramas políticas do primeiro, mas será compensado com descrições de cenas de batalha que fazem as de Martin parecerem de médias a ruins. Sério. Se você ama Martin, não leia Rothfuss de cara. Leia Cornwell. Mergulhe fundo e não irá se arrepender.
“Ah, mas eu não gosto de livros que não tenham fantasia”– eu também pensava assim, padawan. Leia. Vai por mim. Aliás, lembram da Widowmaker ou Fazedora de Viúvas de Joffrey Baratheon? Ela é homenageada numa passagem de Cornwell, como um leve easter egg:
“– Os homens amam seus navios e lutam por eles. Cada um honra aquilo pelo qual luta. Nós deveríamos enfeitar nossos navios, senhor. – Falei asperamente, pensando que amaríamos mais nossos navios se tivessem feras nas proas e nomes adequados como Derramador de Sangue, Lobo-do-mar ou Fazedor de Viúvas.”


 Sobre o livro: ele é narrado em primeira pessoa e a história é dividida em três partes, além do prólogo. Tem também um mapa e uma seção dedicada aos topônimos, em que Cornwell situa você entre o lugar mencionado no livro e o seu nome/correspondente atual. Possui a Nota Histórica que mencionei no começo da resenha, onde o autor separa a ficção da realidade e explica suas fontes de pesquisa. A edição em si é boa, apesar de a minha ser econômica, mas possui alguns erros de impressão e revisão. Por exemplo, citarei uma coisa que me incomodou no terceiro livro, acho: há diferença entre os personagens Svein e Sven, mas a partir de determinado ponto da história, Svein tem seu nome gravado como o segundo o tempo inteiro. Apenas detalhes, porém fazem diferença.







Resenha || Louco: Fuga

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  Título da Coleção: Graphic MSP
  Título do Livro: Louco - Fuga
  Autor: Rogério Coelho
  Editora: Panini
  Páginas: 84
  Ano de Publicação: 2015
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva || Cultura || Compre aqui e ajude o MeL
  
Sinopse O seu nome é Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira, mas pode chamá-lo de Louco. Ele corre dos guardiões do silêncio, enquanto viaja pelas histórias para libertar um pássaro. Ou não? Em "Fuga", o personagem mais maluco de Mauricio de Sousa ganha uma releitura pelas mãos de Rogério Coelho.

Essa é a segunda resenha que faço da Graphic MSP, série que se propôs recontar as histórias dos mais diversos personagens da Turma da Mônica. Para ler a primeira resenha (Bidu: Caminhos) e para saber mais sobre a MSP é só clicar nesse link.
Pode parecer esquisito, mas um dos meus personagens preferidos da Turma da Mônica sempre foi o Louco. Ficava me perguntando de onde ele saía e para aonde iria, queria saber a história dele. Além de dar risadas toda vez que ele plantava cebolinha.


A obra conta a história do Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira, mais conhecido como Louco, e alterna entre a infância e a vida adulta do protagonista. Quando criança, o Louco viu seres terríveis conhecidos como guardiões do silêncio prenderem um lindo pássaro dentro de uma gaiola. Desde então a missão de sua vida passou a ser libertar o belo animal, mas com isso ele se tornou um alvo dos guardiões do silêncio e precisa correr e fugir constantemente.
A história não é linear, é cheia de metáforas e com situações inexplicáveis, ou seja, a cara do protagonista. Ao longo da leitura fica a dúvida se é um delírio do Louco ou se é real. Podemos entender os guardiões do silêncio e a fuga como alegorias de nossa vida, se bem que também podem ser delírios de uma mente perturbada ou até mesmo algo real que ele esteja designado a enfrentar, algo que ninguém mais conseguiria.


A arte é linda e com um acabamento perfeito, optem pela versão de capa dura que vale a pena. Louco: Fuga, surge como uma verdadeira obra de arte para crianças e também para adultos. Um detalhe que me chamou a atenção é o olhar do Louco, mesmo quando sorri, seus olhos expressam uma tristeza. A história não é narrada apenas por palavras e a cada releitura é possível achar um elemento novo na trama.
E vocês queridos leitores, já leram algum quadrinho da série MSP? O que acham do Louco? E da Turma da Mônica, quais são seus personagens favoritos?



 Este post foi escrito por Alex Almeida da Silva.


4 anos de Amazon no Brasil || as melhores ofertas + 10 motivos para comemorar

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Hoje a Amazon completa 04 anos em terras brasileiras. São quatro anos facilitando nossas vidas, oferecendo serviço de qualidade e nos encantando com suas entregas rápidas e atenção ao cliente. Não estou puxando saco não - dificilmente eles lerão essa postagem. Além disso, qualquer um que já adquiriu produtos lá sabe o quanto eles são bacanas. Seu produto veio com defeito? Efetuam a troca na hora. No meu caso, nem pediram para devolver o defeituoso ou mesmo comprovação de que assim estava. Quer maior declaração de confiança do que essa? A gente se sente valorizado, né?
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  • O Nome do Vento - O Primeiro Dia: A Crônica do Matador do Rei, livro 1 - de R$ 59,90 por R$ 24,90. Compre aqui.
  • O Temor do Sábio - O Segundo Dia: A Crônica do Matador do Rei, livro 2 - de R$ 69,90 por R$ 26,90. Compre aqui.
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  • O Caminho das Sombras: Trilogia Anjo da Noite, livro 1 - de R$ 49,90 por R$ 33,68. Compre aqui.
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  • Mestre Gil de Ham - de R$ 44,90 por R$ 9,90. Compre aqui.
  • Elantris de Brandon Sanderson - de R$ 54,90 por R$ 36,10. Compre aqui.
  • Coração de Aço por Brandon Sanderson - de R$ 49,90 por R$ 33,27. Compre aqui.
  • Meio Rei: Mar Despedaçado, livro 1 de Joe Abercrombie - de R$ 44,90 por R$ 20,90. Compre aqui.
  • Uma Lenda Forjada em Batalha: Mestre da Guerra, livro 1 - de R$ 39,90 por R$ 10,70. Compre aqui.
  • Desafiando a Morte: Mestre da Guerra, livro 2 - de R$ 49,90 por R$ 13,70. Compre aqui.
  • Harry Potter e a Pedra Filosofal, edição ilustrada - de R$ 119,50 por R$ 49,50. Compre aqui.
  • Harry Potter: das páginas para a tela, LIVRO INDISPENSÁVEL PARA VERDADEIROS FÃS. Sério, dica da Celly, que tem esse livro: MARAVILHOSO - de R$ 190,00 por R$ 114,00. Compre aqui.
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  • O Inimigo de Deus: As Crônicas de Artur, livro 2 por Bernard Cornwell - de R$ 44,90 por R$ 25,08. Compre aqui.
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Lista || Dez dicas de presentes para fãs de Game of Thrones

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Para quem não sabe, a Amazon está completando quatro anos de existência por aqui! Para comemorar, desde o dia 30 de janeiro está com promoções imperdíveis, como mais de 30 mil livros com até 80% de desconto, sendo que alguns, da oferta relâmpago, recebem desconto de até 90%! Sem mencionar o sistema de frete gratuito que sempre existiu e encantou os clientes, né? Ah, e se você quer se tornar adepto do Kindle, todos estão com R$ 100 de desconto. Quer comprar e-books? Mais de 10 mil estão por R$ 9,90 cada, e utilizando o cupom EBOOKLOVE, você ganha R$ 10,00 de desconto na compra de qualquer um em inglês. Acesse o site aqui e escolha qual departamento promocional acessar.
Passeando pelo site, porque se tem uma coisa que eu não quero certamente é perder as promoções (mesmo tendo mais livros pra ler na estante do que se é considerado possível), vi alguns itens de Game of Thrones que me deixaram babando. Pensei, então, que seria interessante fazer um compilado, por isso trouxe aqui dez dicas de presentes para fãs de Game of Thrones. Vamos lá?

1. Blocos de notas com pauta tipo Moleskine

Esses são os blocos que acompanham o deluxe stationery set, que mostrarei mais abaixo, e que você pode comprar isoladamente. São lindos e já imagino um milhão de utilidades a ele - agenda, diário de leitura, caderno de rabiscos...
Compre aqui da Casa Stark || Compre aqui da Casa Targaryen || Compre aqui da Casa Lannister.


2. Guia pop-up de Westeros

Esse é o meu maior sonho de consumo que você respeita! Necessário? Não. Quero? Com certeza. 
Compre aqui.


3. Estatueta de lobo gigante dos Stark

Esse eu tenho. Ganhei de presente e fiquei/sou completamente apaixonada! É exatamente como eu imaginava ao ler, mas claro, em escala reduzida. Um enfeite e lembrança muito lindo. Acompanha ainda um livreto em inglês interessante. 
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4. Livro ilustrado de A Game of Thrones

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Se você não tem problemas em ler em inglês e não aguenta esperar a LeYa trazer para o Brasil (o que provavelmente vai levar muito tempo), essa pode ser uma ótima aquisição. No momento, só há 4 exemplares na Amazon. 
Compre aqui.


5. Livro "Além da Muralha"

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Imagem retirada do canal Batalha dos Nerds.
"Surgiram vários livros sobre a série da HBO Game of Thrones e sobre As Crônicas de Gelo e Fogo... E o que mais me impressionou foi Além da Muralha, de James Lowder."- George R. R. Martin
Era inevitável que uma obra com a força de As crônicas de gelo e fogo acabasse ultrapassando as fronteiras dos Sete Reinos de Westeros. Em "Além da Muralha", uma coletânea de ensaios avança sobre novos territórios, desvendando temas como as disputas pelo poder, o papel das mulheres na trama e a natureza dos seus deuses e seres fantásticos. E para quem tem sede de ir mais longe, pode mergulhar na complexidade dos heróis e vilões, bem como nas questões morais que envolvem seus atos e decisões, além de descobrir os desafios que existem na adaptação da série para a linguagem das HQs. Mais do que um livro de ensaios sobre o universo de George R. R. Martin, "Além da Muralha"é uma aventura fascinante, capaz de revelar detalhes que podem passar desapercebidos até mesmo pelos maiores fãs da série.
Compre aqui


6. Caixa de HQ's de A Guerra dos Tronos


Eu ganhei esse box e ele é muito lindo, especialmente na textura. Dei a "sorte" de vir com o símbolo dos Baratheon - os símbolos variam e você não pode escolher. Contém todo o livro A Guerra dos Tronos em HQ, ou seja, são quatro volumes. E está em promoção
Compre aqui.


7. Deluxe Stationery Sets

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A cada vez que vou na Saraiva, olho esses sets e sonho um pouquinho. Os preços eram sempre absurdos - algo em torno de R$ 299. Em outras palavras, obrigada, Amazon. Finalmente vou poder escrever cartas e colocar o selo da minha casa à moda antiga hahahah 
Compre aqui dos Lannister || Compre aqui dos Stark || Compre aqui dos Targaryen (curiosamente está mais barato que os outros).


8. Livro "Banquete de Gelo e Fogo"

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Martin, eu te entendo muito na parte de não saber cozinhar. Mas se você, leitor, sabe, ou quer presentar alguém que domina essa arte + ama As Crônicas de Gelo e Fogo, eis um baita presente. E com desconto. Ah, ele já foi resenhado no blog.
Compre aqui.


9. Livro "O Dragão de Gelo"

Esse livro não tem nada a ver com o mundo de Game of Thrones, para deixar claro. É uma história mais ou menos voltada ao público infantil (bem mais ou menos porque é tão triste e doce que sei lá). Terá resenha dele em breve no blog, mas adianto que é um livro muito lindo e com um final agridoce, bem fácil de ler e ótimo para presentear até quem está começando nesse mundo da leitura. 
Compre aqui.


1o. Coletâneas organizadas por George R. R. Martin

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 Apesar de eu não ter gostado de Wild Cards, não posso deixar de reconhecer que muitos leitores são fãs da série de modo geral. A LeYa tem investido bacana, de modo que publicou dois volumes de uma só vez recentemente. Também publicou a coletânea Mulheres Perigosas, que apresenta contos não apenas do Martin, mas de outros autores de fantasia também consagrados (que estão começando a ser conhecidos no Brasil). Acho que O Príncipe de Westeros e Outras Histórias dispensa comentários, não? Foi publicado há algum tempo pela Saída de Emergência Brasil, que foi comprada pela Arqueiro. Também traz uma história de Martin no universo de As Crônicas de Gelo e Fogo, assim como outros contos de autores conhecidos, como Patrick Rothfuss, que nos apresenta uma narrativa com um conhecido personagem de A Crônica do Matador do Rei
Compre O Príncipe de Westeros e Outras Histórias aqui || Compre Wild Cards - O Começo de Tudo aqui || Compre Mulheres Perigosas na pré-venda aqui.


Essa foi a lista de dez dicas de presentes para fãs de Game of Thrones - e, por que não?, para presentear aquela pessoa que você quer que se torne fã também. Ou você mesmo porque você merece, né? 😋

ATENÇÃO! Os produtos em inglês que indiquei acima estão participando da promoção de aniversário da Amazon também. Apesar de serem importados, estão isentos de IOF e taxas alfandegárias. E também sobre eles incide o desconto progressivo: comprando dois livros importados, você ganha 5% de desconto; comprando 3, ganha 10% de desconto; comprando 4 ou mais, ganha 15% de desconto. Apenas até o dia 06/01 ou enquanto durar o estoque. Veja outros produtos em promoção aqui.



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